O Espírito da Coisa

A Teoria do Centésimo Macaco

Numa ilha isolada do Pacífico, cientistas em comportamento animal estavam estudando uma população de macacos. Ensinaram uma fêmea a lavar o alimento (frutas) antes de comer, e ela passou a ensinar para os outros macacos a tarefa.
 

Parece que os bichinhos acharam bom, talvez o alimento ficasse mais saboroso lavado, então em pouco tempo chegou-se ao número de 100 macacos lavando suas frutas antes de comer. Numa ilha distante e também isolada do Pacífico, outros cientistas faziam pesquisas também com macacos, e algo extraordinário aconteceu.
 

 

No momento em que na primeira ilha o número de macacos que lavava as frutas chegou a cem, na segunda ilha os macacos espontaneamente começaram a lavar suas frutas! Isto foi observado, fotografado, e um livro foi escrito a respeito, chamado naturalmente “O Centésimo Macaco” (de Ken Keyes Jr).
 

A teoria deduz que seria necessário haver um nível de consciência X, uma massa crítica de percepção, pra que ela dispare, se expandindo de modo cada vez mais rápido, e há então uma mudança de paradigma no meio onde se manifesta.
Assim, quando um certo número crítico atinge a consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente a outra. O número exato pode variar, mas o Fenômeno do

Centésimo Macaco significa que, quando só um número limitado de pessoas conhece um caminho novo, ele permanece como patrimônio da consciência dessas pessoas. Mas há um ponto em que, se mais uma pessoa se sintoniza com a nova percepção, o campo se alarga de modo que essa percepção é captada por quase todos!

De um modo ou de outro, porém, o que essa experiência também pode ilustrar, além do conceito de massa crítica, é uma das mais ousadas e instigantes ideias científicas da atualidade: a hipótese dos “campos mórficos”, proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.
 

Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes. 
Ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura informação. 

 

É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie. 
O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de “ressonância mórfica”. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva.

Como uma alegoria, o centésimo macaco contém a promessa que, quando um número crítico de pessoas mudar seu comportamento ou atitude, a cultura como um todo mudará. 
 

O que era inimaginável é feito por alguns, depois por muitos, até que um número crítico de pessoas faz a mudança e torna-se o padrão de como agimos e do que somos como seres humanos.

Seja o fenômeno “massa critica” ou a teoria dos “campos mórficos”, em verdade, nada foi comprovado ainda. Mas essa experiência nos proporciona uma reflexão sobre a direção de nossos pensamentos. De certo modo, imaginar uma forma como a consciência se expande atingindo todo planeta, numa mesma frequência, é no mínimo tentador.

(Matéria publicada na Edição impressa nº 4 do Baixada de Fato)

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