Colunas do Rock

BLACK SABBATH – INFLUÊNCIA E LEGADO

Neste último sábado, dia 4, o Black Sabbath fez seu ultimo show, em Birmingham, sua cidade de origem, encerrando uma carreira de quase 50 anos, deixando um legado que praticamente estabeleceu muitas das regras do rock pesado. Infelizmente, a formação não era totalmente a original, com Tommy Clufetos no lugar do baterista Bill Ward, além de Adam Wakeman, filho do Rick, na guitarra base e teclados. Aqui, o encerramento do show, com Paranoid:​​​​​​​​​​​

Pouco poderia se prever a direção que a banda tomaria, ao ouvir seus primeiros trabalhos, ainda com o nome Earth. Rebel, por exemplo, estava na mesma vibe que as primeiras musicas de Elton John na época (boa parte só lançada em compactos).​​​​​​​​

 

O primeiro álbum já apontava para a estética que seguiriam por toda a sua carreira: guitarras distorcidas, temas sombrios, roupas pretas. Mas o resultado ficou aquém do conceito, pois falta peso na mixagem final. Na verdade, foi Jimmy Page que estabeleceu o padrão sonoro do que viria a ser o heavy metal. Embora Jeff Beck tenha tentado, e quase conseguido, em seu Truth, só no Led Zeppelin I o peso desejado foi conseguido. O filme Homer (assisti uma vez na Sessão de Gala na Globo, não me lembro do título brasileiro) mostra bem esse salto quântico. O personagem título mora numa fazenda com os pais, e vive tendo discussões ásperas com o pai na mesa, pois este queria que o filho fosse ao Vietnã, e o pacifista Homer encerra as discussões subindo para o quarto e ouvindo seus discos de rock (é provável que o Twisted Sister tenha bebido dessa fonte para o vídeo de We´re Not Gonna Take It). E entre as coisas que Homer escutava (Byrds, Cream, Buffalo Springfield, Steve Miller) estava How Many More Times, e a diferença no áudio era espantosa em relação as outras.

Basta ouvir os discos que Deep Purple (In Rock) e o próprio Sabbath (Paranoid) gravaram após a estréia do Led, para perceber que a lição havia sido aprendida. Mas ao contrário de Page, Blackmore & Cia, que se aventuraram por outros caminhos, o Sabbath manteve se fiel ao conceito original, com Tony Iommi criando os riffs  e arranjos com várias partes, que as vezes pareciam várias musicas dentro de uma, que definiriam o heavy metal. Sua única tentativa de fazer algo diferente, as incursões jazzísticas no lado 2 de Never Say Die (e sintomaticamente, o lado 1 está entre as melhores coisas que já fizeram) deu com os burros na água, e apressaram a saída do vocalista Ozzy Osbourne, que alçaria vôos altíssimos em sua carreira solo. Já Iommi, o único a permanecer em todas as formações, recrutou vários vocalistas, dos quais Ronnie James Dio é o mais celebrado, mas na minha opinião, soavam como outra banda. O único Sabbath pós Ozzy tão brilhante quanto a discografia inicial, é o Born Again, com o ex Purple Ian Gillan se juntando aos instrumentistas originais, mas se sentindo deslocado dentro da banda (e aceitando se juntar a reunião da Mk II do Purple, no ano seguinte). Ozzy faria algumas tours de reunião (embora nem sempre o baterista fosse Bill Ward), mas só em 2013 lançariam um álbum com material inédito, o mediano 13, e no ano passado o The End, com sobras que não entraram no disco anterior, mais faixas ao vivo, já visando essa turnê de despedida.


E mesmo com o metal atingindo caminhos cada vez mais extremos, o Black Sabbath, ao contrário do Led Zeppelin e do Deep Purple, que passaram a ser ícones do que viria a ser chamado de classic rock, sempre despertou o interesse das novas gerações, e são poucas, se é que existem, as bandas modernas que não os citam como influência.
Resta apenas saber se esse capítulo na história da boa musica realmente se encerrou, ou se voltarão para infindáveis turnês de despedida, como os Scorpions.


De qualquer modo, a discografia original sempre estará disponível para iluminar o caminho de futuros artistas que não se prendam a formulas fáceis e a ouvintes de bom gosto.


Hoje é dia de prestar reverência a uma das mais importantes bandas de todos os tempos. Escolham o seu disco preferido e deixem rolando…

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