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Crônicas do livro “Amor e Capital”

Por Simão Pedro Chiovette

 

AMOR E CAPITAL

Consegui terminar a leitura do robusto livro (quase mil páginas) da renomada biógrafa Mary Gabriel sobre a saga familiar de Jenny e Karl Marx (Zahar editora) e seus amigos e colaboradores próximos como Friedrich Engels.

 

 

Amor e Capital apresenta um Karl Marx mais humano e imperfeito do que o austero patriarca, gigante intelectual e teórico revolucionário de O Capital que conhecemos. Um vívido retrato de um intelectual obsessivo, combativo e boêmio nas capitais Berlim, Paris, Bruxelas e Londres da época. Mas mostra também o papel decisivo de Jenny von Westphalen, a bela e intelectual filha de um barão prussiano que se casou com Marx quando eram muito jovens e como foi fundamental para o trabalho do marido.

 

 

As faces desconhecidas de Marx como a de um pai carinhoso e esposo dedicado, um brincalhão que adorava festas, o terrível procrastinador (a produção do segundo volume de O Capital levou mais de 16 anos para ser entregue para a editora), que vivia da ajuda de seu amigo Engels, o contraditório caso de ter engravidado a empregada doméstica da família, Helene, e não assumir… A história percorre cerca de um século (do nascimento de Marx em 1818 até 1911 com a morte de sua filha Laura e seu genro Paul Lafargue. Impressionou-me a vasta pesquisa feita pela autora, baseada em jornais da época, livros e muitas cartas que os protagonistas escreviam freneticamente um para o outro e que propicia aos leitores uma visão desde o ambiente doméstico até a situação social, econômica e política da Europa no século XIX. O livro mostra também a evolução do pensamento filosófico de Marx e Engels e o engajamento militante de suas filhas Eleanor, Jenichem e Laura nas lutas revolucionárias dos trabalhadores da Europa e da libertação da Irlanda, por exemplo. Traz também o relato minuncioso das revoltas dos trabalhadores contra as condições injustas de vida e trabalho no florescimento do sistema capitalista, as primeiras greves operárias, a organização dos primeiros sindicatos e mobilizações, a organização dos partidos de trabalhadores e socialistas, os debates e embates – por exemplo entre o comunista Marx e o anarquista Bakunin -, a organização da Primeira e da Segunda Internacional, a Comuna de Paris…

 

 

Me emocionei com os relatos das perseguições sofridas pelo casal que o obrigaram a se mudar de país por diversas vezes e sobre as condições miseráveis em que a família viveu uma grande parte de seu tempo numa Londres de meados do século e as perdas trágicas e sofridas de três dos seus filhos nesse período.

Sempre gostei de compreender as ideias suas histórias, ou seja, o ambiente em que surgiram e como se desenvolveram e seu impacto nas decisões de homens, governos e sociedades. E esse livro é tudo isso!

Recomendo!

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