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Lideranças da Baixada marcam presença no 1º debate contra a Cava Tóxica, em Praia Grande

Baixada de Fato – da Redação:

 

Com uma revigorante diversidade de lideranças dos mais diversos setores da resistência eco-social da Baixada Santista, foi dado o pontapé inicial no debate e luta contra a implantação e finalização da cava Subaquática altamente tóxica que está sendo gradativamente instalada e acumulada no estuário de Santos, precisamente frente à Vila dos Pescadores, altura do Jardim Casqueiro, em Cubatão.

 

 

Esta Cava, do tamanho do estádio de futebol do Maracanã, em forma cônica e de pirâmide invertida, prenuncia um desastre em proporções talvez maiores que o do distrito de Mariana, em Minas Gerais, onde o acúmulo de resíduos tóxicos em uma represa no alto do morro estourou e arrasou com zonas inteiras do Estado, matando pessoas, animais, e contaminando por décadas o leito e margens do Rio Doce, até o litoral do Espírito Santo. A empresa Samarco, através de suas influências políticas e judiciais, até agora não pagou um centavo de indenização, se é que vidas e fontes de renda de vidas dedicadas ao lugar têm preço.

 

 

É interessante ressaltar que a Samarco pertence à erroneamente privatizada Companhia Vale do Rio Doce, e a mesma também é proprietária da VLI, responsável pela Cava de Santos. A diferença é que em Minas Gerais o lixo tóxico estava depositado na represa, já em Cubatão é no mesmo leito do estuário, na superfície da água inclusive, onde apenas uma fina e frágil cortina de felt dividiria os perigosos resíduos tóxicos do contato com o restante da água, onde os moradores e também pescadores de outras áreas pescam, e que, caso estoure essa fina cortina, esparramaria em minutos um lixo tóxico com mercúrio, chumbo, cádmio e elementos químicos muito piores que os da Samarco por todas as praias, rios, manguezais e nascentes das cidades da Baixada Santista, tornando impraticável inclusive a balneabilidade das praias e consequentemente o Turismo, principal atração e fonte econômica da Região.

 

 

Entre os palestrantes do debate estiveram Márcio Mariano, da ACPO (Associação Contra os Produtos Organoclorados), ou ‘pops’, associação esta integrada por ex-trabalhadores e vítimas da famigerada Rhodia, Mari Polachini, do Movimento Contra os Ataques à Natureza, e que é a principal liderança da luta do povo de Peruíbe contra a instalação de uma usina termoelétrica no município, Flávio Saraiva, presidente do SindServ, Sindicato dos Servidores Municipais de Santos e outrora importante liderança da Rede Caiçara Ecossocialista, e o cacique Gilson, da aldeia Paranapuã, de São Vicente, aldeia cuja praia é geograficamente depositária de lixo de correntes marítimas do mar e do estuário.

 

 

O debate foi apaixonado e demorou quase três horas, devido também às pertinentes intervenções das lideranças presentes, como Marivaldo Lopes, presidente da Oscip IDEA e metalúrgico aposentado da antiga Cosipa e que deu testemunho de como já nos anos 70 as empresas faziam Cavas contaminantes menores e ilegais, Varella Júnior expôs a partir do pensamento holístico e da bio-política as suas críticas, e o dirigente petista e cutista, Chagas Lavor, a partir da questão da saúde. Outros presentes e referentes da região, Jeffer Castello Branco, também da ACPO e reconhecido internacionalmente, Jasper Lopes, da Verde América, Sérgio Cabeça, diretor do sindicato dos Bancários, da Intersindical e do mandato coletivo do deputado federal Ivan Valente (autor do PL contra os agrotóxicos e anteriormente contra a reforma do Código Florestal), João Domingos, da IDEA e CUT, Kayo Amado e Ronaldo Prudente, candidatos pela Rede, assim como dirigentes do PSOl, PT e anarquismo. No campo da arte, Rogério Ramos, diretor e ator de teatro, Fábio Piovan, da Vila do Teatro, Waldir Gonçalves, músico do Casa Rasta e Chiapas Livre, Luciana Jorge, também de Verde América, Mulheres em Luta e autora/ativista de projetos sócio-ambientais em Cubatão, Leonardo Silva, dirigente dos professores em luta em Praia Grande, além de escritores e outros membros da aldeia guarani de Paranapuã.

 

 

Ao final houve um breve Sarau Eco-Humanista, ao som de violas, guitarras, percussão e muita cantoria.

 

Confira o video com trechos do evento.

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