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O balde e o rio

Por Marcia Simões Lopes

Na sociedade ocidental, a mente foi educada, para não transcender. A mente não sabe, que não transcende.
Ela crê que todo o universo da existência está alí, dentro da mente. Não precisando acessá-lo e despertá-lo para conhecer o Todo que a mente contém. Como se a mente fosse o balde e no balde fosse a água, conhecimento. Permanentemente reciclada ao consumo, a água do conhecimento.
O que a mente não conhece, é que existem rios além do balde.
A civilização ocidental troca sapatos velhos por novos, sem que essa troca seja uma necessidade. De tempos em tempos a civilização reconquista o que anteriormente possuía, por direito e natureza. Não transcende mas sim reformula, o que acredita ser a totalidade da existência.
Por isso, ciclicamente, as mesmas crises se apresentam à sociedade. Pessoas conquistam e após perdem. Reconquistam o que perderam. Novamente conquistam, perdem e reconquistam outra vez. O movimento se repete, invariavelmente.
Não transcendendo o padrão!
Essa programação mental foi estabelecida pelo colonizador, desde 1500. Ecoa nas escolas, nas artes e nas instituições da sociedade. Padroniza o conhecimento de forma que, o que é sabido por todos é compreendido como, o Todo!
Por isso se percebe, alta resistência das pessoas, em ouvir conceitos e conhecimentos que se contraponham ao padrão mental predominante, onde elas estão acomodadas.
Como se não existissem outros mundos e outros saberes – caminhos melhores para realização da vida!
Creio que todos estamos imersos, na mente do colonizador. Uns com um olho na ilusão e o outro olho na desconstrução do padrão. Outros estão tão aterrados na crença de conhecerem a totalidade do saber, que se rebelam contra a desconstrução do padrão. Como se desconstruí-lo significasse a exposição à violação do corpo e da alma do humano; o fim dessa suposta “civilização”.
Quando compartilhamos notícias é bom observar, o que estamos oferecendo. O que importa, não é o saber. O saber, simplesmente faz trocar o sapato velho pelo novo. O que realmente importa é a consciência da existência, desse padrão mental do colonizador. Onde estamos imersos. Para que possamos sair do padrão.
Se não for assim, de tempos em tempos renovaremos a água como se fosse o balde, rio. Não transcendendo o balde. Desconhecendo o rio.
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