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Rede Nhandereko caminha na construção da central de turismo de base comunitária (TBC)

Por Comunicação OTSS.

O ano de 2020 anuncia série de atividades para que o TBC se fortaleça cada vez mais nas comunidades tradicionais do FCT

Reunidos durante os dias 30 e 31 de janeiro no quilombo da Fazenda, em Ubatuba (SP), as 12 comunidades tradicionais que integram o coletivo da Rede Nhandereko participaram de uma ação construída com o objetivo de avançar mais alguns passos na construção da central de comercialização dos seus roteiros de turismo de base comunitária (TBC). A atividade teve, como convidada especial, a equipe da ONG Capina.

“Junto com representantes indígenas, caiçaras e quilombolas das comunidades tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba, nós pudemos trabalhar para qualificar os roteiros de turismo de base comunitária. Foram dois dias intensos de trabalho com o apoio e condução da consultoria Capina”, conta Vagno Martins, coordenador da Rede Nhandereko e caiçara de São Gonçalo que também integra a equipe do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS).

O intercâmbio com a ONG que trabalha com cooperação e apoio a projetos de empreendimento social teve a missão de conduzir a oficina, levantar dados dos roteiros das comunidades presentes e construir formulários que serão aplicados na pesquisa de mercado a ser realizada pelos comunitários e comunitárias em setores públicos como: secretarias de turismo, turistas, agências, escolas e universidades.

“A oficina foi uma oportunidade que reuniu 35 pessoas, entre comunitários e técnicos apoiadores, para trocar experiências, tirar dúvidas, fazer acordos e seguir para os próximos passos visando a criação de uma central de comercialização de TBC para o Fórum de Comunidades Tradicionais. Essa foi a primeira de um total de três atividades que ainda serão realizadas. A segunda será em março e a terceira em abril de 2020, sempre em comunidades diferentes para fortalecer o protagonismo local”, completa Vagno Martins.

Esse processo de formação tem sido construído com apoio da Fiocruz e do FCT, por meio do OTSS, e do instituto Linha D’água. A Rede Nhandereko ressalta também o agradecimento a toda comunidade do Quilombo da Fazenda, que trabalhou para receber os presentes e abriu as portas para mostrar um pouco do seu modo de ser e viver, quilombola, por meio do jongo, da culinária, das histórias e das belezas naturais.

Mais um passo na consolidação da central

Desde 2015, os protagonistas do TBC do Fórum de Comunidades Tradicionais se encontram para, que nesses territórios, o turismo seja contra-hegemônico e feito do começo ao fim pelas pessoas que vivem e lutam por essa região. Partilhas, oficinas, encontros e muitas trocas foram realizadas e essa atividade do Quilombo da Fazenda representa mais uma parte do percurso trilhado pela Rede Nhandereko.

“Essas oficinas são os primeiros passos para identificar o formato da central. Nela nós pudemos avaliar os roteiros, suas necessidades, viabilidade econômica, etc. A pesquisa de mercado é um norte para a central como empresa de comercialização dos roteiros das comunidades tradicionais do FCT. Com o resultado dessas oficinas, vamos começar a decidir o formato jurídico, de gestão e governança, taxas, práticas e rotinas da Central”, relata Ariane Rosa, jovem quilombola do Campinho e tesoureira da Amoqc que também integra a equipe OTSS na área da Incubadora.

“Aproveitamos o tema ‘pesquisa de mercado’ para fortalecer a central de comercialização da Rede Nhandereko, que está em processo de planejamento, para que as tomadas de decisões sejam realizadas com segurança, inclusive para poder entender melhor o mercado com seus roteiros e produtos diferenciados. Desejamos que os comunitários reconheçam a importância que eles exercem enquanto líderes, “protagonistas” de suas histórias, não apenas em suas respectivas comunidades, mas no processo como um todo”, pontua Pamela Albrecht, moradora da Trindade (Paraty-RJ) que integra a coordenação da Rede.

Partilha de diferentes experiências

 

Em um território diverso, os povos e comunidades tradicionais aproveitam, nesses encontros, a possibilidade de trocar histórias de lutas, experiências e conhecimento sobre as áreas que envolvem as pautas de cada comunidade. Cada qual ao seu modo e ao seu tempo vai, aos poucos, desenvolvendo o TBC que faz sentido para seu território e modo de vida.

“Para nós da aldeia Boa Vista (Ubatuba-SP) é uma esperança ter aparecido para nós uma rede, já articulada, que abra a porta para que possamos mostrar ao não indígena a nossa cultura, a nossa luta, e para que sejamos mais reconhecidos pela nossa história, nossos cantos, nossa arte. Isso faz com que, ao mesmo tempo, a gente gere renda e consiga vender nossos artesanatos, além de mostrar a luta e resistência dos povos indígenas. Até hoje estamos resistindo”, diz Valdecir Weramirim, liderança guarani mbya que também integra o coletivo da Rede.

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