Acampamento do MST, no Sul de Minas, realiza petição online e afirma que irá resistir por legítima defesa
No Sul de Minas, em Campo do Meio, o acampamento Quilombo Campo Grande está com um despejo marcado para amanhã, quarta-feira (12). No local moram mais de 450 famílias organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que plantam todo ano milhões de hortaliças, possuem pomares e produzem o famoso café Guaií, sem o uso de agrotóxicos.
O Quilombo Campo Grande recebeu, através de ofício do Comando do 64º Batalhão da Polícia Militar, um comunicado informando sobre a ação de despejo em parte da área da sede. A área fica nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, pertencente à Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA), que faliu e deixou inúmeros casos de direitos trabalhistas não pagos.
O movimento organiza uma petição online contra o despejo do acampamento, a ser entregue ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Pede também que apoiadores enviem uma mensagem diretamente ao site do tribunal, por meio deste link.
Além disso, os coordenadores do MST de Minas Gerais garantem que os acampados irão resistir. “Vai haver legítima defesa por parte dos trabalhadores do Movimento Sem Terra. Ninguém vai assistir calado a um ataque dessa dimensão”, declara Silvio Netto, do MST. Ele classifica o despejo como “injusto e ilegítimo”. “As famílias que estão lá já demonstraram que são guardiãs daquele território e tem condições de promover a reforma agrária popular, produzindo alimento saudável e gerando vida”, argumenta.
Até o momento, as autoridades mantêm o despejo. O MST denuncia que a polícia tem rondado o acampamento e sobrevoado com drones durante todo o dia. Há 10 dias atrás, mais de 20 policiais invadiram casas no acampamento e prenderam um dos acampados.
Medidas institucionais e legais
Silvio Netto afirma ainda que o movimento está tomando medidas institucionais e legais. Na semana passada, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) encaminhou ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), solicitação para suspender o despejo. “Impensável essa atitude, ainda mais durante uma pandemia. O Estado tem que proteger a vida”, declarou a deputada em sua conta no Twitter.
Edição: Rafaella Dotta