Baixada Santista

CORONAVÍRUS MATA MUITO MAIS NA REGIÃO DOS CORTIÇOS, COM 73% DOS CASOS EVOLUINDO PARA ÓBITO

Na cidade que mais concentra contaminados por habitantes do Brasil, outro dado chocante traz um grave alerta em meio a pandemia de coronavírus: a morte ronda mais de perto os bairros pobres, em especial a Vila Nova, região com maior concentração de cortiços.

Se é verdade que o número de casos é maior na região da Orla, já que lá estão alguns dos bairros mais populosos do município, também é fato que o acesso a tratamento e reversão da doença é menor nos locais mais carentes de condições sanitárias e de habitabilidade precária.

Os dados que mostram essa desigualdade são fornecidos pela própria Prefeitura (veja as tabelas).

Fizemos as contas e pudemos constatar que a taxa de mortes em comparação à quantidade de notificações positivas da doença chega a 73% na Vila Nova, bairro com número expressivo de cortiços.

Lá foram 11 notificações e 8 óbitos por Covid-19 até a noite desta sexta (24). É como dizer que a cada 10 pessoas que pegam a doença, 7 vão morrer. No vizinho Paquetá, outra região marcada por habitações precárias e insalubres, quase 4 em cada 10 doentes falecem.

Em comparação ao bairro com maior número de casos, o Boqueirão, a diferença na taxa de mortalidade é gritante. No Boqueirão são 55 casos confirmados e 2 óbitos (3,6%).

Já bairros como Gonzaga, Embaré e Ponta da Praia têm significativo número de contaminados, porém estão zerados em letalidade. Outros bairros como Campo Grande, Aparecida, Encruzilhada e Vila Mathias oscilam entre 3,5% e 6,6% no percentual de mortes por casos confirmados.

Nos morros a incidência também enseja preocupação. Na Vila Progresso e no Morro São Bento 33,3% dos doentes de covid-19 perdem a batalha para a morte.

Quanto maior a pobreza, menor o acesso à saúde e maior o grau de comorbidades, aumentando os riscos de agravamento das infecções. Na região dos cortiços, são comuns doenças respiratórias, incluindo a tuberculose, pela falta de ventilação nos imóveis, além de desnutrição, diabetes e outras enfermidades.

Diante do cenário, mais uma vez expomos o quanto os trabalhos do Governo de Santos e da Câmara têm sido insuficientes. Lembramos que a Câmara, a pedido do Governo, deixou centenas de famílias em condição de miserabilidade fora da lei para concessão de auxílio-alimentação.

São aquelas famílias que não são sequer cadastradas nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e que não recebem ou tiveram cortados benefícios como bolsa-família. Famílias cujos filhos tomavam lanche, almoçavam e jantavam na rede pública e que agora estão privados da merenda. Merenda esta paga com o dinheiro dos impostos de todos os santistas e cuja destinação não se sabe mais ao certo qual é.

Muitas destas pessoas com filhos sem merenda e sem o acesso a auxílio-alimentação viviam de bicos ou em subempregos e com a pandemia ficaram sem renda alguma. São invisíveis para o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) e para o poder Legislativo, em especial os vereadores da base governista.

O vereador Sérgio Santana (PL, 2º Mandato) é um exemplo do total descolamento da Câmara com a realidade das pessoas que mais precisam. Dias depois de votar contra a inclusão de parte das famílias carentes com crianças matriculadas na rede municipal (famílias que recebem apenas o benefício de prestação continuada) na lei do auxílio-alimentação, ele apresentou um projeto de lei inconstitucional (por criar despesas e por ter vício de iniciativa) que pede um auxílio de R$ 500,00 por dois meses para permissionários de táxis e de peruas escolares.

Nada contra estes dois grupos, que com certeza foram bastante afetados pela crise. Mas por que dizer não para a concessão de R$ 55,00 de auxílio para crianças carentes poderem comer e, por outro lado, pedir que o Governo socorra outro setor fora da linha da pobreza com R$ 1.000,00 ? E isso sabendo que o projeto será vetado (ou seja, um movimento de proselitismo em período pré-eleitoral)?

São algumas perguntas. Mais uma, para não perdermos o costume: vereadores de Santos, para quem eles trabalham?

 

Fonte: FB Vereadores de Santos

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