Cidade Peruíbe

Empresas de aventura e turismo nas aldeias desrespeitam decreto de isolamento social

Da Redação BdF –

Para ajudar na sobrevivência das Aldeias índígenas, algumas delas realizam vivências e cursos, com a comercialização de produtos e artesanato local, na maioria das vezes em parceria com algum grupo de juruás (não indígenas) que lhes dão a infraestrutura necessária.

Muitos destes grupos se organizaram em verdadeiras empresas de turismo ecológico, com divulgação dentro e fora do País, sendo reconhecidas e consideradas.

Entretanto, nem sempre o interesse ambiental prevalece em suas atividades e atitudes.

No ano passado, quando ambientalistas fizeram a denúncia ao COMBEM e MP – Ministério Público – sobre a necessidade de preservar a praia do Tanigwá em defesa das Aves Limícolas e Migratórias, pedindo que a lei municipal que proíbe o trânsito de veículos na faixa de areia fosse cumprida, estes ecologistas foram confrontados por duas destas empresas, ligadas às Aldeias Tapirema e Porungawa, que os acusaram de hostilizar os povos indígenas.

Juntas, articularam uma ampla mobilização para desmerecer as ações ambientais.

Conseguiram o apoio da administração pública, que chegou a escoltar os participantes de atividades nas Aldeias através da faixa de areia, apesar da representação feita ao MP.

Estas empresas, há mais de uma década realizando atividades com a comunidade indígena, possuem um grau de influência tão grande, que protagonizaram a criação de uma aldeia, que foi construída através de vivências, e que vive em função disso.

O presidente do Conselho de lideranças da Terra Indígena Piaçaguera é o Cacique dessa Aldeia, a Tapirema, que tem cerca de 1 ano de instalação no local.

Mesmo ciente das determinações da FUNAI – Fundação Nacional do Índio -, das orientações da OMS – Organização Mundial da Saúde – repassadas pelo SESAI – Secretaria de Saúde Indígena – e do decreto estadual e municipal, eles realizaram atividades na TI Piaçaguera, durante os meses de março, abril e maio.

Mesmo cientes da confirmação dos casos de Covid-19 nas Aldeias, inclusive a que estavam frequentando, eles retornaram ao local, conforme diálogo do responsável com um ambientalista que não quis revelar o nome, com receio de represálias ou vingança por parte de integrantes da empresa de aventuras nas aldeias.

De acordo com lideranças da TI Piaçaguera, não houve unanimidade na decisão do Conselho da Aldeia na liberação do acesso, mas mesmo assim os caciques das Aldeias que receberam visitantes assumiram a responsabilidade e o risco.

 

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