excessiva no litoral do estado de São Paulo nos próximos dias com acumulados de precipitação projetados por modelos numéricos com valores extraordinariamente altos e que podem acarretar transtornos e consequências que oferecem perigo para a estrutura e a população locais. Com uma área de alta pressão sobre o Sul do Brasil, associada a uma grande e forte massa de ar frio para esta época do ano, um centro de baixa pressão menor deve se formar na costa do Sudeste do Brasil. O seu padrão de circulação deve levar vento carregado de umidade do mar em direção ao continente no sentido do litoral de São Paulo e a Serra do Mar com chuva de natureza orográfica.
Embora o tempo já fique instável nesta sexta, a instabilidade sobre a região vai ganhar muita força no litoral de São Paulo entre este sábado e o domingo. Devem ser esperados volumes de chuva extremamente altos e com precipitações por vezes torrenciais com acumulados muito altos em curto período. Sob este cenário, a MetSul Meteorologia alerta para a alta probabilidade de alagamentos e inundações, em alguns casos repentinas, além da possibilidade de quedas de encostas e ainda deslizamentos de terra.
O cenário vai exigir muita atenção em rodovias da região, sobretudo na Serra do Mar e junto à região serrana, ante a elevada probabilidade de queda de barreiras. As precipitações por vezes podem ser torrenciais no Sistema Anchieta-Imigrantes assim como na rodovia Rio-Santos, por conta da orografia (relevo). A ocorrência deste evento de chuva extrema coincidindo com o feriadão de Carnaval, com um grande número de pessoas nas estradas e buscando as praias do litoral, exige ainda mais atenção pelos riscos envolvidos. Vários modelos numéricos analisados pela MetSul indicam a possibilidade de acumulados de precipitação superiores a 200 mm no litoral de São Paulo até o começo da semana. O mapa abaixo mostra a projeção de chuva do modelo alemão Icon. Observe que a área de chuva mais extrema é pequena, apesar de o risco de volumes altos em grande parte do litoral paulista.
O modelo de altíssima resolução da MetSul, o WRF de 3 km, aponta cenário ainda mais preocupante, uma vez que a simulação indica precipitação superior a 200 mm em diversas praias e no trecho de Serra, mas com acumulados ainda mais altos em alguns pontos isolados que chegam a índices de precipitação em 48h a 72h de até 400 mm a 600 mm.
A chuva pode ser volumosa em diversos pontos do litoral paulista, do Sul ao Norte, mas em parte da costa de São Paulo e a Serra do Mar adjacente os volumes podem ser excessivamente altos e com índices perigosamente elevados. O modelo nosso de alta resolução indica o risco de que estes volumes muito excessivos ocorram principalmente do Centro para o Norte do litoral paulista.
Assim, o cenário exige muita atenção no litoral paulista, incluindo as áreas de Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá, Cubatão, Bertioga, Praia do Una/Barra do Una (meteograma abaixo), Maresias, Ilhabela, São Sebastião e Caraguatatuba, dentre outras localidades da região, inclusive setores da Serra que podem ter ainda mais chuva que a costa.
Não deve chover com volumes extremos em todas estas praias do litoral de São Paulo, mas as praias e municípios listados estão na zona de risco maior de precipitações muito excessivas, conforme o indicativo dos modelos numéricos de previsçao do tempo. ALERTA PARA A GRANDE SÃO PAULO A MetSul Meteorologia adverte ainda para a possibilidade de volumes muito altos de chuva nos próximos dias na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo com acumulados em algumas áreas que podem ser extremamente elevados
Tal como se prevê para o litoral, os mais altos volumes de chuva são previstos para este fim de semana com a intensificação das precipitações. A chuva deve ser por vezes intensa a torrencial com elevados volumes em curto período na cidade de São Paulo e na região metropolitana. Adverte-se para o elevado perigo de alagamentos, inundações, queda de barreira e escorregamento de encostas com deslizamentos. A chuva pode ocorrer com raios e não se afasta o risco de vento forte em alguns locais, em condição de temporal.
O QUE É CHUVA OROGRÁFICA A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão de uma massa de ar frio ou um ciclone, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias. Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo. O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva. Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.
(por Estael Sias – METSUL