Por Marcio Abbes.
Um ano antes, em 1969, o homem tinha pisado na Lua. Realmente, acredito que talvez tenha sido o grande marco para a corrida espacial. Um ano depois, em 1970, uma gravação perfeita de timbres nervosos tinha dilatado as paredes dos quartos de vários roqueiros no mundo. Só fui conhecer alguns anos depois. O “In Rock” foi o responsável pelo marco zero do rock pesado. Talvez o disco homônimo do Sabbath seja outro. Talvez tenha mais um. Por outro lado, sinto que a sonoridade setentista foi construída pelo primeiro disco da Mark II, onde a banda se apresentou como o Purple seria dali por diante. O que mais gosto no disco é a gravação. O Purple cru, sujo e visceral está ali de forma especial. As gravações mais limpas dos discos posteriores nunca deixaram de lado a sonoridade do Purple no “In Rock”. O disco começa com a poderosíssima “Speed King”, justamente com a explosão curiosamente melódica de timbres nervosos e um solo avassalador do Blackmore, que anuncia a entrada de um novo e maravilhoso som que iria influenciar várias bandas pesadas por várias gerações. Não importa o nome do estilo que se dê: Metal ou Hard. O mais importante era o som impactante apresentado ao mundo. O disco apresenta 7 lindas, estupendas e matadoras faixas. O solo magnífico de Blackmore em “Child in Time” consegue ser brilhantemente ensurdecedor. Todos os instrumentos estão mais distorcidos. O disco mostra que rock é isso mesmo. O solo de teclado de Jon Lord em “Flight of the Rat” com a entrada do solo e finalização funkeada do Blackmore é um dos momentos mais memoráveis na história do rock. A música não para e recomeça para uma bela batida do Paice e termina com toda a fúria de suas baquetas. O que vem depois são a arrasa-quarteirão ” Into the Fire”, a bela voz de Ian Gillan em “Living Wreck” e a música final “Hard Lovin’ Man”, que termina essa pérola com ritmo empolgante, mudanças geniais de tons no teclado de Lord e solo arrepiante de Blackmore. Não quis apontar o estilo, mas não posso deixar de dizer que o Metal já estava ali em pleno 1970. A melhor banda pesada de todos os tempos? Sim! E o “In Rock” é um dos melhores discos de Metal de todos os tempos! Furioso e eterno!