Colunistas Jasper Lopes

Domingo na noite da eleição não teve rojões em Praia Grande

Por Jasper Lopes.

Na noite do dia 7 de outubro, um tímido e fraco rojão estourou, e depois…nada. Um estranho e raro silêncio na cidade, quando em apuração de eleições é justamente o contrário. E os rojões foram guardados de volta. Mas, ao olhar-se o resultado das urnas na cidade, percebe-se claramente a amargura do grupo político dirigente. Mesmo tendo o prefeito quarto mais rico do Brasil (e que coordena a campanha do segundo mais rico, o Doria), com 25 anos ininterruptos no poder local, e um grandioso arsenal de como seduzir ou comprar o favoritismo do eleitor, assim mesmo a votação do estadual e genro, Cássio Navarro, seguiu caindo, com o agravante que não é nada certo ter a vitória de um novo governador tucano que possa ‘subir’ alguns deputados a Secretarias e assim alavancar o moço da suplência. Ainda por cima, o filho do político e novo desafeto vizinho, Caio França, teve uma expressiva votação na cidade, isso sem contar a votação do pai a governador na Praia Grande, superior ao apadrinhado Doria.

 Durante campanha passada, culto na igreja, Mourão junto com a vice. Será a próxima ungida, depois do naufrágio do Xavier?

E pelo lado do deputado federal, Eduardo Xavier, a coisa fica pior ainda, pois sua candidatura foi um verdadeiro tubo de ensaio para ser o próximo ungido a prefeito, pois Mourão, depois do Roberto Francisco, parece confiar apenas em parentes, e como Eduardo Xavier é apenas parente indireto, poderia estar candidato a prefeito, ao contrário do genro ou da esposa do atual mandatário.

 

 Com o ungido – sem grau de parentesco – a experiência não foi frutífera.

Com tantas reuniões com servidores e apoiadores – não poucas vezes constrangidos – , os parcos (neste caso) 8 mil e tantos votos (nem todos na cidade), ficam semelhantes, por exemplo, aos 7 mil e tantos do sindicalista petroleiro Fábio Mello (PSol), da região também, que concorreu sem nenhum recurso – salvo o da militância combativa – ou da advogada Débora Camilo (também do Psol, apesar que esta sim conta com certos recursos dos Bancários), com seus 6 mil e poucos votos. Com toda a máquina administrativa jogando peso, ficou claro que não é um futuro candidato confiável para a população.
Tampouco se saíram bem candidatos vereadores-locais que ora são oposição, ora situação, como Vitrolinha e Avelino, também triturados pelo vendaval renovador eleitoral. Já na oposição progressista e democrática na cidade, embora com campanhas mais que modestas,e apoiando reeleição de deputados mais próximos e não da região, tanto os núcleos dirigentes do PT, que apoiarem respectivamente Vicentinho e Nilto Tatto, como o PSol, cuja página na cidade apoiava majoritariamente Ivan Valente, quanto o novato Fábio Mello, da região, tiveram seus deputados reeleitos.
Mas talvez o maior problema que certamente passou a ser preocupante foi o fator do avassalador crescimento do bolsonarismo, principalmente na cidade de PG, onde o irmão já foi vereador e com uma tradição militar devido à Fortaleza do Itaipu. Esta crescente oposição que se ancora no polêmico candidato, é raivosa e belicista, mantém uma permanente metralhadora giratória no mandatário local, até em questões de cunho pessoal, coisa que a oposição progressista não se permitia. Como prevíamos, o mandatário procuraria rapidamente se colar no Bolsonaro, até porque seu padrinho (político e pessoal), Michel Temer, já fez o mesmo dias atrás, deixando o Alckmin também na mão, o que certamente não contrariou o prefeito, mais ligado ao José Serra. O previdencial banner, que agora ilustra a página do mandatário, com sua foto ladeada por Doria e Bolsonaro, é um salvo-conduto neste momento, mas caso o Doria se derreta no segundo turno, e os frenéticos bolsonaristas locais e do PSL consigam ancorar melhor no seu líder depois das eleições, a jogada do PSDB local pode se transformar em ‘Vitória de Pirro”, como dizia-se na civilização greco-romana.

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