Baixada Santista Cidade São Vicente

Equipamentos de saúde fechados e reabertos em São Vicente. Crise ou irresponsabilidade?

Por Ailton Martins

 

Na semana passada a Prefeitura de São Vicente decidiu fechar três equipamentos de saúde, alegando que devido constantes ações de violência que atravessam a cidade, era melhor salvaguardar os servidores públicos. A decisão aconteceu após um vídeo ter sido divulgado no facebook que mostrava o momento em que um idoso teve o veículo furtado por jovens armados na Vila Margarida. A decisão foi criticada por várias pessoas na internet que consideraram um absurdo o fechamento dos equipamentos de saúde, afinal, a saúde é outro setor como a segurança que precisa de atenção reforçada na cidade, logo, o fechamento denotou duas coisas: a incapacidade de lidar com a questão de segurança, e a falta de responsabilidade com os usuários do serviço de saúde.

Uma matéria bem publicitária chegou a sair num jornal local de grande circulação que parecia tentar convencer que aquela era a medida correta, não convenceu. Com isso, nesta semana, a prefeitura decidiu reabrir os três equipamentos. Talvez, temendo um belo protesto que pudesse surgir. E essa é uma das coisas que o executivo e o legislativo vem tentando evitar, por exemplo, nesta segunda-feira (25/09) aconteceu uma Audiência Pública sobre a saúde, em qual horário? Às 09h da manhã, e com uma divulgação “morna” para um assunto tão sério, e que há tempos arrasta-se na cidade. Se isso não significa desinteresse pela participação popular, não sei como nomear.Enfim, nenhum governo que passou pelo executivo de São Vicente resolveu, alguns, inclusive, entregaram para a iniciativa privada, o Hospital São José, por exemplo, que era um hospital público, foi privatizado. O CREI (Centro Referência Emergencial) foi construído assumindo parte do serviço de pronto atendimento que o São José prestava, porém, o que houve de fato, foi transferência de problemas, o déficit no serviço continuou. Infelizmente, é assim que tratam e sempre trataram a saúde na cidade, abrem uma UBS aqui e fecham outra ali. Dou como exemplo a que fecharam no Saquaré, e abriram outra no México 70, (que resiste as duras penas) com direito à confetes e tudo, uma praxe de todo político, à esquerda ou à direita, ah, mas, isso foi na gestão do Bili, certo? Antes tudo era perfeito?
 
A realidade é que o serviço público na cidade, podemos até dizer na região, reflete como a saúde pública tem sido tratada pelo Governo de São Paulo, de Alckmin, não é uma prioridade e sim uma mercadoria que estão sucateando ao tempo que entregando nas mãos de Organizações Sociais de Saúde, entidades supostamente filantrópicas, mas que na verdade, são empresas que lucram com os cofres públicos, recurso que deveria ser investido na saúde, vai para o bolso de empresários da saúde, e não somente por incompetência, mas por conivência e parceria de nossos governantes, o resultado: um serviço péssimo. No CREI, por exemplo, existe uma OS operando, a prefeitura abriria a planilha de custos? Isto é, mostraria o repasse que é feito para essa entidade?
Enquanto isso, os servidores públicos continuam sem reajuste salarial e a população que precisa de um serviço de saúde de qualidade não tem, e pior, quem precisa de um atendimento especializado, espera uma consulta que pode durar de três para seis meses, ou ser transferido para o AME de Santos e também continuar na fila. Isso é uma violência contra a população. Contra todos nós que pagamos os serviços públicos por meio de impostos, e o Estado não nos retorna.
 
Propostas de campanha, segurança e saúde
 
Pedro Gouvêa durante sua campanha disse que os serviços essenciais seriam prioridade, eleito, afirmou a mesma posição num programa local de TV. Em sua entrevista a respeito do fechamento dos equipamentos preferiu representar um papel reservado, reconhecendo os problemas, mas pouco opinando, quase que deixando passar na entrelinha que o erro foi somente do secretário de saúde, mas, oras, o erro foi do governo, porque se colocou alguém que toma atitudes precipitadas e equivocadas, a responsabilidade continua sendo do governo, ou seja, do prefeito eleito, a população elegeu um prefeito.
 
A segurança pública é algo sério e a cidade parece viver um dos piores momentos em relação a violência. Mas, fechar equipamentos de saúde acirra o fosso. Alguém parou para pensar quantas pessoas seriam prejudicadas com as consultas que estavam na fila de espera, matematicamente isso iria saturar ainda mais o atendimento.na cidade. Será que foi isso que pensou o secretário de saúde Marco Antônio da Silva?
 
Por fim, tomou a decisão acertada reabrindo os equipamentos. Ou será que o governo concluiu que seria melhor abrir e evitar de apresentar a planilha de quantas pessoas utilizam os equipamentos diariamente que seriam prejudicadas, seria um horror, não?
 
Em relação a segurança, enquanto pensarem que segurança é uma questão de aumento de efetivo policial, somente estarão resolvendo paliativamente o problema, na realidade, contendo uma explosão que logo irá surgir, diante de tantas violações de direitos promovido pelo Estado, e violência gera violência, e vossos aliados estaduais (PSDB) e federal (PMDB) estão destruindo a educação, saúde, cultura, moradia e segurança, é um projeto de poder, logo, está reverberando por aqui, portanto, responsabilidade com o que estão lidando e com quem estão se aliando, o povo irá cobrar. Rezem para o vice-governador Márcio França vencer, caso não, segurar uma crise cuja política não quer realizar uma reforma administrativa e radicalizar as pautas, será um tiro no pé. No pé do povo mais uma vez.
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