MARCOS PĘDŁOWSKI
Em um artigo que acaba de ser publicado pela revista científica “Environment International“, um grupo binacional de pesquisadores estabeleceu uma relação direta entre o alto nível de uso de agrotóxicos, a contaminação de água usada para consumo humano com a incidência de câncer em municípios produtores de grãos na região Oeste do Paraná (ver imagem abaixo).
Embora já exista uma ampla literatura disponível sobre o impacto do consumo crônico de resíduos de agrotóxicos, o estudo que teve como autora principal a professora Carolina Panis, do Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), traz cálculos importantes que mostram a relação entre o nível de uso de agrotóxicos nas monoculturas, a consequente contaminação dos mananciais hídricos e seu consequente impacto para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.
Os pesquisadores foram ainda capazes de identificar que dois agrotóxicos Mancozebe e Diurom teriam sido responsáveis pela ocorrência de 80% dos casos de câncer que foram identificados. Além disso, a pesquisa identificou que dos 27 agrotóxicos identificados na água consumida pela população dos municípios estudados, 11 deles são potenciais causadores de câncer.
A principal questão é que na mesma forma que a região foco do estudo existem hoje no Brasil diversas partes do Brasil que estão submetidos ao mesmo nível de emprego de agrotóxicos em função da predominância de grandes áreas de monoculturas (especialmente as de soja), o que pode implicar no fato de que a epidemia de câncer desvelada por esta pesquisa esteja mais disseminada do que havia sido determinado até agora.
E é por isso que eu me somo a quem diz que o “Agro não é pop”, o “Agro é tóxico”.