Por Julie Lua, de Praia Grande:-SP
Eu não conheci nenhuma das duas, mas quanto essas duas mulheres influenciam a minha vida! Ambas estão ligadas ao dia 14 de março, uma pela vida outra pela morte. Carolina nasceu dia 14 de março de 1914 e Marielle foi assassinada no dia 14 de março de 2018, ambas moradoras de favelas assim como eu, ambas trazem consigo uma luta contra as estruturas segregadoras desta sociedade e seria impossível não olhar para ambas e não me ver em suas lutas.
Assim como Carolina, eu também tenho três filhos e ela, em sua época, eu na minha, ambas enfrentamos a fome, a alta dos preços, o olhar da criança pedindo mais e você dizendo “não tem”. Carolina diz que esse “tem mais?” fica ecoando dentro do cérebro das mães e infelizmente essa verdade ainda ocorre em cada barraco periférico de cada mãe solo que sustenta seus filhos.
Marielle também era mãe e periférica. Vereadora do PSOL, lutava pelas mulheres negras, pelas periferias, morreu, pois denunciava a milícia nas favelas do Rio de Janeiro! Essa injustiça segue impune, mas não nos calaremos até que os mandantes do assassinato político de Marielle e Anderson sejam presos!
Marielle se tornou muitas, se tornou uma força viva, uma energia em movimento entre as periferias. Entre os quilombos se escuta a voz de Marielle que preenche becos e vielas e toma força. Marielle Vive!
E viver tem sido tarefa difícil nas periferias. A Covid ocupa leito de hospitais e esvazia as prateleiras do armário da cozinha, a fome assola nosso povo sem auxílio emergencial, sem vacina para todos. Professores e alunos desamparados e lançados à própria sorte!
Nesse caos e irresponsabilidade deste governo, sigo lutando, assim como Marielle. Orgulho-me de ser PSOL e, assim como a poeta favelada, penso que esse país deveria ser dirigido por alguém que já passou fome! Eu digo à Carolina que ainda passamos fome e passaremos cada vez mais, largados à própria sorte com um governo irresponsável que está a deixar nosso povo à míngua nas periferias. Não nos resta alternativa do que lutar. FORA BOLSONARO !FORA GOVERNO GENOCIDA!!
Neste mês de março que as vozes das mulheres periféricas, trabalhadoras e mães, sejam ouvidas, que gritemos por um basta desse governo genocida!
270 mil mortos e esse número cresce a cada dia!
Foto: Brasil de Fato