Baixada Santista Cidade Praia Grande

Falece Prefeito de Praia Grande da Eleição Mais Polêmica Que a Cidade Já Teve

(Redação Baixada de Fato)

Falece o ex-prefeito Roberto Francisco, sem dúvidas o prefeito eleito nas eleições mais polêmicas que já houveram na cidade – as de 2008. Naquele ano o ex-aliado do então prefeito Alberto Mourão, o ex-vice prefeito e ex-vereador, Alexandre Cunha, passa à oposição por ser preterido pelo prefeito, que optou pelo seu então Chefe de Gabinete, Roberto Francisco, que dizia ter prestígio para eleger “até um cabo de vassoura”, que se tornou um mote e até título de coluna do antigo jornal opositor “O Regional”, de propriedade de A.C. Sobral – hoje aliado do prefeito.
A campanha eleitoral de 2008 já prometia ser conturbada e polêmica, pois o chefe do executivo, Alberto Mourão – e padrinho político de Roberto Francisco – já enfrentava sérias acusações e processos pelo que ficou conhecida Operação Santa Teresa, deflagrada pela Polícia Federal, e que envolvia o prefeito de PG, o BNDES, o então deputado Paulinho da Força, a boite de prostituição internacional WE e alguns construtores, com altos funcionários com cargos de confiança presos, – inclusive um construtor foragido e com pedido de prisão à Interpol. O desgaste de imagem era tanto que imediatamente catapultou o mais forte candidato da oposição, Alexandre Cunha (então PMDB) à liderança nas pesquisas. Até mesmo o novato candidato da coligação PSOL-PCB-Ecologistas, Jasper Lopes – sem nenhuma estrutura financeira -, chegou a ter 6% das intenções de votos (segundo pesquisa encomendada pela coligação de Cunha, que liderava 12 partidos, desde o PMDB, até o PT, PCdoB e o direitista DEM). Cunha disparou com entre 27 e 32% dos votos, a coligação de Roberto Francisco (com 8 partidos e PSDB à cabeça) vinha em segundo, com entre 16 e 24%, segundo a variação das empresas pesquisadoras, e ainda havia Edson Popó, do PV, Partido Verde, sem coligação.
O resultado final da eleição, uma diferença de apenas 3.000 votos entre o candidato da situação e o conjunto da oposição, com Cunha na liderança, foi tão visivelmente complicado, que, antes mesmo do final da apuração, às 19 horas, enquanto o candidato Cunha reconhecia o resultado adverso, o candidato a prefeito e presidente do PSOL notificava oficialmente dentro do Cartório Eleitoral o desacordo e as fortes suspeitas de amplas fraudes e descumprimentos da legislação eleitoral. No dia seguinte, a chefe da campanha e então esposa de Cunha, Roberta Cunha, juntamente com a advogada da coligação do PMDB, Janaína Ballaris, se somavam às desconfianças e iniciavam uma campanha de recolhimento de denúncias entre a população. Em poucos dias somariam mais de 3 mil denúncias, que foram encaminhadas à Justiça Eleitoral, e com o apoio da direção nacional do PSOL, que se reuniu na cidade com a advogada da oposição. No sábado seguinte à votação, houve uma surpreendente passeata de mais de 2500 pessoas trajando de negro e com um caixão que representava a morte da democracia, onde estiveram presentes o presidente do PSOL – e candidato – e presidentes de outros partidos da oposição, ainda que Cunha mesmo não se fizesse presente.
E as nuvens carregadas voltaram a se abater sobre a Prefeitura, como a segunda parte da Operação Santa Teresa: a Polícia Federal acabava prendendo algumas figuras importantes da política local – e pertencentes à coligação do PSDB -, como o candidato a vereador derrotado e filho do ex-prefeito Yamaúti, o André Yamaúti, por compra de votos em conluio com o empresário Édis Vedovatti, da DNA. Andrézinho, como é conhecido, confessava, e ainda reclamava que não lhe deram, como prometido, a licença de vendedor ambulante para 20 carrinhos de hot dog que ele teria na praia; o conhecido Ronaldo da Mar Azul, também preso momentaneamente, confessava igualmente a compra de votos, porém de forma insubmissa ,se defende – de que era acusado de ter se apoderado de 50 mil reais do dinheiro que recebera para comprar eleitores, alegando que não eram 130 mil que lhe deram, mas apenas 80 mil. E assim ia a coisa…
Meses depois, em primeira instância, Roberto Francisco tem realmente a candidatura cassada, mas, posteriormente, sem segunda instância, em São Paulo, isto é revertido, a favor dele. Mas a maior surpresa estaria reservada para a terceira e decisiva instância, já em Brasília, em pleno auge do governo Lula e aparente imparcialidade da Justiça, quando, na data marcada, nem o candidato Alexandra Cunha comparece, nem sua advogada, Janaína Ballaris, ficando então decidida a causa a favor do PSDB, pela simples ausência da outra parte. Até mesmo o habitualmente oficioso jornal A Tribuna fez um comentário irônico sobre este episódio, e, inquirida pelo representante do PSOL ,posteriormente, em uma reunião realizada em maio de 2012, e já então presidente do PT local, a advogada manifestara que teriam outra estratégia, ‘mas que falhou”. Possibilitando assim que Roberto Francisco continuasse como prefeito. Neste período então, Janaína seria eleita vereadora pelo PT, o defenestrado Ronaldo da Mar Azul passaria a ser um dos coordenadores (discretamente, segundo fontes internas) de Alexandre Cunha (também de malas dentro do PT, mesmo tendo feito ‘dobradinha’ com o anti-petista Beto Mansur na eleição anterior, para deputado).

 

 

Roberto Francisco, afinal surpreende positivamente!

Mas, voltando ao tempo, na mesma semana em que Roberto Francisco assumia como prefeito, já em 2009, ele, de forma surpreendente, convoca a imprensa para denunciar e fotografarem um complexo equipamento de escuta ilegal debaixo de sua escrivaninha, no próprio gabinete de Prefeito. Isto, certamente, gera um mal estar com o antigo ocupante deste gabinete, seu próprio padrinho político, e sua administração vai sendo marcada por uma maior abertura e diálogo com outros setores, bem como com os servidores municipais, que na eleição de 2008 haviam apoiado muitas vezes abertamente os candidatos da oposição ao executivo. A relação também de seus assessores mais próximos vai se deteriorando com a equipe mais próxima e fiel ao Mourão, até um afastamento definitivo entre os dois, com candidaturas posteriores a deputados de ambos, totalmente independentes e competitivas entre si. Posteriormente, na última eleição de 2016, Roberto Francisco ainda tenta uma cadeira á vereança pelo inexpressivo PT do B (Partido Trabalhista do Brasil), mas não supera os mil votos – apesar de sua até expressiva votação como candidato a deputado estadual, anteriormente.
Na despedida do cargo de prefeito, em 2013, pode-se ver a manifestação de carinho e emoção com a qual muitos se despediram dele, quando volta a entregar o cargo ao então eleito Alberto Mourão.
Mas a história ainda não havia terminado aí: neste ano de 2017, no mês de outubro, conforme ampla reportagem publicada pelo jornal A Tribuna (veja o link abaixo), Roberto Francisco sofre um duro golpe: depois de 9 anos, seu mandato foi finalmente cassado, e tanto ele, como o empresário Édis Vedovatti, da DNA, o Ronaldo da Mar Azul, e outros, sujeitos à pagamento de multas e prisão – mas ainda estava correndo o tempo para a defesa. Dá-se a casualidade que o empresário é o mesmo envolvido em denúncias da polícia civil e do MP do Guarujá, como um dos mandantes do assassinato do vereador Ricardo Joaquim, sendo o atual prefeito de PG, Alberto Mourão, um dos sócios numa propriedade no Jardim Virgínia, em Guarujá, motivo do crime.

 

Por trás da aparente frieza, uma pessoa emotiva

Ainda na campanha de 2008, era comum ver-se circulando pela cidade panfletos, inclusive feitos em computador, com a cara de Roberto Francisco comparando com a do Chucky, o boneco fantástico do filme “Chucky, o Boneco Assassino”, por certas semelhanças físicas. Mas, quem o conhecia melhor, comentava que, por detrás da aparência fria, até mesmo de um tecnocrata com formação em informática, repousava um homem muito emotivo, que costumava ser ‘flagrado’ muitas vezes almoçando solitariamente no canto escondido de algum restaurante, e sofrendo inconsolável a perda de sua amada ex-esposa, por uma doença fatal. Segundo o divulgado, o ex-prefeito estava internado e teve a ruptura de uma hérnia, mas convalescia de um câncer na garganta – ironicamente, a doença atribuída ao atual prefeito pelas fontes de boataria.

Confira mais neste link:

http://m.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/justica-condena-ex-prefeito-de-praia-grande-por-compra-de-votos/?cHash=836e05f857918431e69db1fe7281b2f3

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