Por Márcia Simões Lopes.
Recomendo muito essa matéria da Nacional Geographic.
Perdidos entre dois mundos, os povos indígenas isolados da Amazônia lutam para manter suas tradições.
“Madeireiros”, anuncia Tainaky. O inimigo. Tainaky, cujo nome em português é Laércio Souza Silva Guajajara, fala com seus quatro companheiros, também da tribo Guajajara, enquanto descem das motos. É uma patrulha bem variegada: jeans remendados e estampas de camuflagem, óculos de aviador e bandana protegendo o rosto da onipresente poeira da estação seca. Com seu arsenal igualmente modesto – uma espingarda de caça de tiro único, uma pistola de fabricação caseira, alguns facões pendentes dos cintos –, eles fazem pensar em um estranho filme de gênero misto, algo como Mad Max encontra Os Últimos Moicanos.
“Vamos atrás deles?”, pergunta Tainaky.
Perseguir madeireiros ilegais agora é a marca registrada de patrulhas como essa na região. Elas incendeiam caminhões com toras, apreendem armas e motosserras e expulsam madeireiros furiosos. Chefes de patrulha como Tainaky, de 33 anos, recebem frequentemente ameaças de morte. Alguns patrulheiros usam nome falso para esconder sua identidade. Em um único mês de 2016, três deles foram assassinados.
Todos eles integram uma força de 100 voluntários indígenas que se intitulam Guardiões da Floresta. Esse grupo e outros semelhantes surgiram recentemente para enfrentar uma maré crescente de extração ilegal de madeira que está dizimando florestas protegidas no Maranhão, no leste da Amazônia, entre elas a Terra Indígena Arariboia, de 4.150 quilômetros quadrados. Juntamente com a floresta, vêm desaparecendo os animais selvagens que há gerações sustentam a cultura de caça dos guajajaras. Os lagos que originam seus rios e riachos estão secando com o desmatamento. Aves e peixes estão sumindo.
Os riscos certamente são grandes para os guajajaras, mas eles adotaram estratégias de sobrevivência eficazes desde os seus primeiros contatos sangrentos com forasteiros, séculos atrás. A maioria deles conhece o modo de vida do mundo exterior: muitos estiveram lá. Bem piores são as agruras de outra tribo, com a qual eles dividem a reserva Arariboia: a Awá. Vários bandos de nômades awás – um povo isolado ou não contatado que vive na parte mais oriental da Amazônia – vagueiam pelas matas no centro do território, vivendo em fuga quase constante dos chiados de molinetes e motosseras e, na estação seca, da fumaça de queimadas.
Quando uma etnia ou um grupo humano desaparece […] a perda é imensa”, declara o ativista dos direitos indígenas Sydney Possuelo. “A face da humanidade torna-se mais homogênea, e a própria humanidade empobrece.”
Confira a reportagem completa na edição de outubro da revista National Geographic Brasil.