Por Sassá Tupinambá, da Rede Ibyrapema Multimídia Indígena.
Durante muitos anos, no Brasil, Indígenas são expuls@s de suas terras e territórios. A coisa já começou a complicar desde a notícia ao rei de Portugal da chegada das caravelas portuguesas aqui em Pindorama, logo no primeiro comunicado ao monarca, Pero Vaz de Caminha cunhou a verbete “pardo” para classificar a cor da pele das pessoas que já viviam aqui.
Éramos mais de 1000 povos, com culturas diferentes, línguas diferentes, enfim relação com a natureza diferentes, e fomos tod@s reduzid@s à classicação “pard@s” naquele momento.
Nos dias atuais, a invisibilidade da existência e resistência de, pelo menos 400 povos existentes no “território brasileiro” se dá com o uso da verbete “indígena”, mas não é só isso não. Há uma crença coletiva, disseminada pelas escolas, durante os últimos 100 anos, que “lugar de índio (esse é outro termo de apagamento dos povos originários) é na floresta e que se está fora da aldeia deixa de ser.
Você já parou pra pensar o porquê isso tudo acontece? Você já ouviu falar em grilagem de terras? Pra entender isso, é importante conhecer alguns trabalhos de pesquisadores, como Eduardo Carlini, acompanhar a página do DE OLHO NOS RURALISTAS e pra quem gosta de por a mão na massa, procure pela plataforma do registro do CAR, irão entender aí o motivo de o Brasil querer invisibilizar a população indígena que vive em seu território.
É por isso que diversas lideranças indígenas que vivem em contexto urbano, estão desde 2019 orientando a população indígena que vive em Contexto Urbano a utilização do direito de se autodeclarar.
Pelos dados colhidos no censo que surgem as políticas públicas de moradia, de saúde, de educação, de distribuição de renda, como o bolsa familia e até saber quantas doses exatas de vacina o Brasil necessita. Por isso é muito importante o censo para nós.
Mas racistas, anti-indígenas se candidataram para trabalhar no censo 2022.
Recenseadores estão impedindo que indígena possam utilizar o direito ao censo como indígena
Não acredite que seja um problema do sistema. O problema é com o agente recenseador do IBGE, provavelmente etnocida, racista, compartilha das ideologias anti-indígena do governo brasileiro. Não caia nesse golpe! Toda pessoa tem o direito ao censo, pois se trata de uma política pública. O censo é importante para a população, pois é com as informações do censo que são criadas políticas públicas, como bolsa familia, de moradia e programas de educação e saúde, por exemplo, saber quantas doses de vacina o Brasil necessita. Toda a pessoa indígena, mesmo que não saiba falar a língua e mesmo que não saiba o nome de sua etnia tem o direito de declarar ser indígena, mesmo as que não moram em aldeias, inclusive as que já nasceram fora das aldeias. Não deixe de cobrar esse direito na hora de responder a entrevista do censo. Indígena é indígena em todo lugar!
Parentes, acabamos de fazer 2 testes com 2 recenseadores diferentes e foi feito normal o censo de 2 famílias indígenas, que vivem em contexto urbano. Então não tem nada no sistema que impede que a pessoa se autodeclare indígena.
Desconfiamos que racistas estão impedindo a autodeclaração.
A orientação do IBGE em caso que o agente recenseador/a dizer que não está aceitando a autodeclaração indígena é:
- Pegar os dados do crachá do agente do IBGE que estiver fazendo a entrevista, pode pedir pra tirar uma foto com o celular
- Pedir para o agente fazer o cadastro de sua residência para vc dar continuidade pela Internet e ou Ligar no 08007218181 e solicitar outr@ recenseador/a
- Denuncie o ocorrido no 0800
O recenseador não pode:
1- Pedir documentos comprobatórios de etnia, cor ou genero
2- Induzir sua resposta ou modifica-la
3- Marcar uma informação diversas daquela que vc afirmou
Caso isso aconteça basta ligar para 0800 721 8181 e solicitar outro recenseador.
O 0800 vem escrito no colete dele
Veja o que a Coordenadora do IBGE diz sobre isso no link abaixo
Sobre o pardismo veja o que o Ailton Krenak nos diz
Veja o que antropolog@s falam sobre o pardismo
Veja o que juristas falam sobre a autodeclaração indígena