Por Igor Reis para o Baixada de Fato.
AMBULÂNCIA
Numa quarta-feira qualquer de um mês de outono.
Eu e um grupo de amigos, bebendo uma cevada qualquer em um bar qualquer de alguma esquina de faculdade.
Um som muito alto chama a atenção não só do nosso grupo mas dos clientes daquele humilde bar universitário, que tomavam uma simples breja de 8 reais o litro.Quase ficamos com torcicolo pelo nosso reflexo apurado para o tal fato.
O som era de uma sirene de ambulância, à pelo menos 80km/h em uma via muito estreita que parecia uma rua de alguma cidade grega…
O tempo de 30 segundos que passamos hipnotizados por uma sirene,pareceu uma eternidade imaginativa na minha cabeça…
Imaginei o acidente que deve ter ocorrido com algum pai de família, com 40 anos, uniforme da Usiminas, 3 filhos pequenos e um filho já adulto…A saga que essa historia pode ter…
Maria pensou que podia estar estudando, mas quando percebeu a sirene…Imaginou que podia ser ela dentro daquela ambulância depois de ter tomado vários porres,dado PT e correr no meio da avenida principal da cidade…
Leandro reparou…tomou 2 goles…e retomou o pensamento sobre a final do Paulistão…
Os olhos de Larissa brilharam…sonhou como seria se daqui 5 anos ,depois que terminasse a faculdade, estivesse dentro da ambulância como enfermeira de emergência socorrendo alguma fratura exposta.
Já Rodrigo, lembrou da corrida que fez um dia antes para socorrer os vários feridos no acidente na Imigrantes, onde passou pelo mesmo caminho mas estava do outro lado do fato.
Pedro Tavares, dono do bar, lembrou que ligaria para o SUS para marcar uma consulta emergencial que iria demorar 6 meses.
Evandro, o cara q estava na maca da ambulância lutando por sua vida pela segunda vez, só pensou em uma coisa:
-Não amo mais ninguém além dos que me viram crescer…