Por Paulo Passos, colaboração BdF:
Na foto, o presidente do Sindserv, Zoel Siqueira, que defende parceria dos sindicatos com comércio e serviços
O congelamento dos salários dos servidores tem reflexos negativos na economia, principalmente nas pequenas e médias empresas, nos serviços autônomos e no trabalho informal.
Mercadinhos, padarias, lojas de material de construção, hortifrútis, feiras livres, bares, escolas particulares, açougues, peixarias, quitandas e outros comércios perdem quando cai o poder aquisitivo do servidor.
Da mesma forma, salões de beleza, barbearias, lojistas de ‘shoppings’, trabalhadores autônomos como pedreiros, pintores, marceneiros, encanadores, vidraceiros, motoristas de carretos, entre outros.
E o que dizer de dentistas, psicólogos, massagistas, tatuadores, donos e empregados de bicicletarias, de academias de ginástica, oficinas mecânicas e de consertos gerais?
A reflexão é do presidente do sindicato dos servidores municipais de Guarujá (Sindserv), Zoel Garcia Siqueira, que está “muito preocupado”, com as recentes medidas de arrocho salarial sobre a categoria.
Maioria está
nos municípios
“Mal e parcamente”, diz ele, “ainda são os servidores que detêm alguma estabilidade no mercado de trabalho. Isso não é privilégio. As médias salariais da categoria são baixíssimas”.
O sindicalista pondera que “muita gente imagina o servidor como um marajá, até por força de estigma lançado pelo presidente da república de triste memória Fernando Collor de Mello”.
“A população em geral pensa no servidor como sendo juízes, promotores, altos funcionários dos poderes executivo, legislativo e judiciário, com seus enormes salários, benefícios e privilégios”, diz Zoel.
Mas essa não é a realidade dos enfermeiros, atendentes de enfermagem, funcionários de limpeza e demais trabalhadores dos prontos-socorros e hospitais públicos, explica o presidente do Sindserv.
“Nem dos professores e trabalhadores nas escolas públicas, corporações policiais, repartições de previdência e outros serviços municipais, estaduais e federais”.
Apoio do
comércio
Ele explica que a maioria desses profissionais têm salários de no máximo R$ 5 mil, podendo ultrapassar um pouco esse valor após muitos anos de trabalho em condições adversas.
O sindicalista explica que a maioria do funcionalismo público está nos municípios, onde os salários giram em torno de R$ 2.500 a R$ 3.500, mas que normalmente são pagos sem atrasos ao final do mês.
É esse pessoal, segundo Zoel, que basicamente mantém o comércio e os serviços. “Ao acabar com os servidores, por meio de arrocho salarial e falta de concursos públicos, o governo federal afeta também a economia”.
Ele defende que os sindicatos de servidores municipais, estaduais e federais procurem sensibilizar, em nível nacional, as associações comerciais para apoiarem as lutas da categoria.
“Quem gosta do arrocho aos servidores é o mercado financeiro, pois a economia de recursos com essa politica garante o pagamento dos juros da dívida pública”, finaliza Zoel.