O Espírito da Coisa

A psicologia de massas do fascismo

Por Gilberto Maringoni

Lançado há exatos 85 anos, quando o nazismo chegava ao poder na Alemanha, “Psicologia de massas do fascismo” segue perturbadoramente atual. Willelm Reich (1897-1957) examina o papel do fascismo na afirmação do indivíduo oprimido, suas relações com a sexualidade e a fiel identificação com o líder.

O livro pode ser encontrado na íntegra com um clique no Google. Abaixo, um trecho particularmente afiado:

“A mentalidade fascista é a mentalidade do “Zé Ninguém”, que é subjugado, sedento de autoridade e, ao mesmo tempo, revoltado. Não é por acaso que todos os ditadores fascistas são oriundos do ambiente reacionário do “Zé Ninguém”.

O magnata industrial e o militarista feudal não fazem mais do que aproveitar-se deste fato social para os seus próprios fins, depois de ele se ter desenvolvido no domínio da repressão generalizada dos impulsos vitais.

Sob a forma de fascismo, a civilização autoritária e mecanicista colhe no “Zé Ninguém” reprimido nada mais do que aquilo que ele semeou nas massas de seres humanos subjugados, por meio do misticismo, militarismo e automatismo durante séculos.

O “Zé Ninguém” observou bem demais o comportamento do grande homem, e o reproduz de modo distorcido e grotesco.

O fascista é o segundo sargento do exército gigantesco da nossa civilização industrial gravemente doente.

Não é impunemente que o circo da alta política se apresenta perante o “Zé Ninguém”; pois o pequeno sargento excedeu em tudo o general imperialista: na música marcial, no passo de ganso, no comandar e no obedecer, no medo das ideias, na diplomacia, na estratégia e na tática, nos uniformes e nas paradas, nos enfeites e nas condecorações.

Um imperador Guilherme foi em tudo isto simples “amador”, se comparado com um Hitler, filho de um pobre funcionário público. Quando um general “proletário” enche o peito de medalhas, trata-se do “Zé Ninguém” que não quer “ficar atrás” do “verdadeiro” general”. (Pág 13)

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