Baixada Santista Cidade Santos

Servidores de cemitérios reclamam das condições de trabalho em Santos

Por Paulo Passos.
Os servidores municipais de Santos lotados em cemitérios têm que lavar suas
roupas de trabalho em casa, contaminadas por bactérias e muito sujas, quando isso deveria ser providenciado pela prefeitura.
Esse é apenas um dos problemas diários enfrentados pelos trabalhadores, que
também sofrem com a falta de segurança policial e assédio de chefias.
Os problemas foram apontados ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), pelo secretário municipal de gestão, Carlos Teixeira Filho ‘Cacá’, que
recebeu relatório do sindicato dos servidores estatutários (Sindest).
O presidente do sindicato, Fábio Marcelo Pimentel, aguarda resposta da
prefeitura para convocar reunião exclusiva desses trabalhadores. Segundo
ele, “essa solução é esperada há anos”.
“Será que precisamos de um incidente como o de Antares para que se resolva
um problema que se arrasta há décadas?”, ironiza o sindicalista, referindo ao livro ‘Incidente em Antares’, de Érico Veríssimo.
A obra de ficção começa em 11 de dezembro de 1963, quando os trabalhadores de cemitérios aderem à greve geral decretada na cidade de Antares. Os mortos saem dos caixões e atemorizam a população.

Desvio de função
Em Santos, a polêmica atual começou na segunda quinzena de 2017, quando um
sepultador foi dispensado do serviço, e mandado para casa, por se recusar a
fazer serviço de limpeza e jardinagem.
O servidor procurou o Sindest, no dia seguinte, que designou três diretores
para irem ao cemitério da Areia Branca, pesquisar os detalhes do ocorrido.
Lá chegando, ficaram surpresos.
Isso porque a chefia mostrou a eles um papel, sem timbre da prefeitura,
dizendo que as atribuições de limpeza e jardinagem cabem também aos
sepultadores.
Segundo os sindicalistas, a chefa Jocelma garantiu que a tarefa é prevista
na classificação brasileira de ocupações, do ministério do trabalho. Pior:
disse que havia iniciado processo para normatizar a atividade.
Convencidos de que as atribuições são de ajudantes de limpeza e jardineiros,
os dirigentes procuraram o coordenador de cemitérios de nome Bento, que
abriu processo de insubordinação contra o reclamante.
Diante disso, os sindicalistas Carlos Nobre, Pedro da Matta e Roberto
Damásio foram aos cemitérios da Filosofia e do Paquetá, procurando em
seguida o secretário municipal de gestão.

Desfecho
Segundo Carlos Nobre, “o próprio ‘drh’ (departamento de recursos humanos) da
prefeitura se pronunciou no processo específico sobre as atribuições dos
sepultadores”.
“E, no parecer do ‘drh’, não constava limpeza e jardinagem, como quer o
coordenador”, explica o sindicalista. “Ele não pode querer implantar o
desvio de função aos sepultadores”.
Segundo Carlos Nobre, o sindicato e os trabalhadores aguardam resposta do
secretário sobre esses assuntos e também a respeito de uma reivindicação de adicional específico pelas condições de trabalho.
Pedro da Mata, por sua vez, adverte que a falta de guardas municipais nos
cemitérios prejudica a própria população, alertando para a ocorrência de assaltos armados nos locais.
“Estamos aguardando o desfecho do caso e uma resposta da prefeitura para
deliberar sobre o futuro da luta reivindicatória desses sofridos
trabalhadores”, finaliza o presidente do sindicato.

 

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