Nesta sexta (10), famílias do MST doaram 15 toneladas de alimentos à comunidades da região Metropolitana de Porto Alegre
A pandemia do novo coronavírus se alastra por todo o Brasil. E, junto à crise sanitária, muitas pessoas perderam o emprego e têm poucos recursos para matar a fome da sua família. Para ajudar a amenizar esse problema, que já afeta milhões de brasileiros, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) segue doando alimentos agroecológicos. Nesta sexta-feira (10), foram entregues mais de 15 toneladas de produtos da Reforma Agrária, produzidos por assentados do Rio Grande do Sul.
Aprofunde-se: “Somos a prova de que é possível”: acampamentos do MST são referência em agroecologia
“Para nós do MST a solidariedade é muito mais do que apenas dar aquilo que nos sobra. É dar o que nós temos. Hoje entregamos essas cestas em nome de todos os camponeses e camponesas que estão em seus territórios produzindo alimentos saudáveis, cuidando da natureza, dos filhos dos outros, para que a gente possa enfrentar esse momento de pandemia que tem atingido todos no mundo inteiro, mas principalmente os trabalhadores e trabalhadoras”, declara Daniele Cazarotto, dirigente estadual do MST/RS.
As doações ocorreram na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em Viamão, foram doadas cinco toneladas de alimentos a 127 famílias. Já em Porto Alegre, os assentados distribuíram 10 toneladas, mais mil cestas de produtos da Reforma Agrária a moradores das comunidades do Morro da Cruz, da Lomba do Pinheiro, da Grande Cruzeiro e indígenas kaingang e guaranis.
Leia também: Ponto a ponto: conheça o plano de Reforma Agrária Popular defendido pelo MST
Ronaldo Souza, da União de Vilas, da Grande Cruzeiro, conta como foi a organização das comunidades para receber a doação dos alimentos do MST. “A Grande Cruzeiro é dividida em 36 comunidades, e nesses últimos quatro meses foram organizados 16 núcleos. A partir deles distribuímos os alimentos recebidos. Hoje, aqui, estão representados 12 núcleos de lideranças além das pessoas da comunidade Pedreira,” destaca Souza.
Segundo ele, 75 fichas foram distribuídas para as famílias da Pedreira, cada uma representando uma cesta. Outros 60 kits foram entregues às lideranças de outras comunidades presentes. Cada um continha dez tipos de alimentos agroecológicos: arroz, feijão, leite, mel, repolho, mandioca, batata, abóbora, cenoura e laranja.
Luana Faria, moradora da comunidade Pedreira agradeceu a ajuda que vem recebendo do movimento. “Se não fosse essa doação do MST, eu não teria alimento na minha casa. Eu vim agradecer pela comunidade. Agradeço a todos que nos estão ajudando, ao MST, aos sindicatos e aos movimentos sociais. Estou aqui hoje, mesmo é pra agradecer”, afirma.
Não tem sentido fazermos Reforma Agrária se não for para produzir alimentos saudáveis e de alguma forma fazer com que esse alimento chegue na mesa daquelas pessoas que pelas circunstâncias normais não poderiam acessá-lo.
Álvaro Delatorre, dirigente estadual do MST, ressalta a importância de projetos que incentivam a liberação de recursos para essas ações solidárias. Segundo ele, a compra das mil cestas veio de uma parceria entre o MST e a Cooperativa Internacional Governo Basco, com o convênio Mundukide.
“O MST do Rio Grande do Sul trabalha com o MunduKide há alguns anos. Há dois anos estamos com um projeto que foca em três aspectos da nossa organização: gestão de cooperativas, as relações de gênero e direitos humanos. Por causa da pandemia, o MunduKide nos autorizou a usar parte desse recurso da cooperação internacional para algum ato de solidariedade,” assinala.
Delatorre acrescenta que o Movimento reconhece a sensibilidade da Cooperativa Internacional Governo Basco, de entender o momento delicado que o povo brasileiro vem enfrentando, e vê a importância de ações como essa. Em concomitância, o MST oferece à sociedade a disposição de luta e o alimento saudável.
“A nossa missão é essa. Não tem sentido fazermos Reforma Agrária se não for para produzir alimentos saudáveis e de alguma forma fazer com que esse alimento chegue na mesa daquelas pessoas que pelas circunstâncias normais não poderiam acessá-lo”, pontua o dirigente. Ele ainda reafirma a importância da aliança entre os pares, sujeitos históricos que estão na mesma condição, que é a condição de trabalhador.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko e Rodrigo Chagas