Temos uma vacina. Valeu todo o esforço”. Aplausos e gritos de alegria: vídeo emocionante mostra reação de pesquisadores do Butantan ao receberem o resultado final da eficácia da CoronaVac em SP. Vacina mostrou 100% de eficácia em casos graves e moderados
O Instituto Butantan divulgou nesta quinta-feira (7) um vídeo que mostra a reação dos diretores e funcionários do centro de pesquisa ao receber os dados da eficácia da Coronavac, a vacina contra o coronavírus desenvolvida pelo instituto paulista em parceria com a chinesa Sinovac.
O vídeo foi gravado na noite dessa quarta-feira (6) e estavam presentes na reunião Dimas Covas, o diretor do Instituto Butantan, e outros funcionários.
Ao receberem a informação da eficácia de 78% da vacina — e de 100% para casos graves e mortes — os presentes na sala de reunião comemoram com aplausos e gritos de celebração.
“Agora eu tenho um resumo dos dados. Depois, eles entregam os dados completos. Então, para casos leves que precisam de algum tipo de ajuda – seja porque precisam de ajuda médica ou medicação –, a eficácia foi 77,96%, com intervalo de confiança inferior de 49,15 e superior de 90,44. Para casos de internação hospitalar, 100% eficaz”, diz o cientista Ricardo Palácios no vídeo.
“Temos uma vacina. Valeu todo o esforço.”
VÍDEO:
O estudo da CoronaVac no Brasil é avaliado por um comitê de especialistas sediado na Europa. A praxe em estudos científicos é a de que apenas esse comitê tenha acesso a algumas informações sigilosas sobre a pesquisa.
Ao final da reunião, o diretor do Butantan, Dimas Covas, comemorou o resultado e disse que o desafio do instituto agora é fazer o imunizante “chegar ao braço dos brasileiros”.
“Com esses resultados, nós temos certeza que temos uma boa vacina. Uma vacina que vai ajudar a sobreviver, neste primeiro momento, a essa terrível pandemia. E quem sabe, em um segundo momento, ajudar a nos livrarmos dessa situação difícil em definitivo… Vamos em frente, porque temos muito trabalho pela frente, agora mais do que nunca, para fazer essa vacina chegar ao braço dos brasileiros. É o que nós queremos. É o que nós vamos fazer”, disse Dimas Covas.
Na prática, se uma vacina tem 78% de eficácia, significa que 78% das pessoas que tomam o imunizante ficam protegidas contra a doença. A taxa mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 50%.
O índice registrado pela CoronaVac no Brasil é menor que os das vacinas desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer e Moderna, que já foram aprovadas na União Europeia e nos Estados Unidos.
A microbiologista Natália Pasternak explica que já era esperado que a CoronaVac tivesse uma eficácia menor que as das outras vacinas, por ser feita com o vírus inativado.
“É completamente esperado. Uma vacina de vírus inativado dificilmente vai ter a mesma eficácia do que vacinas de RNA ou vacinas de adenovírus [vetor viral], que conseguem entrar na célula e imitar, de uma forma muito mais efetiva, a infecção natural. Elas acabam provocando uma resposta imune que é tanto de anticorpos como de resposta celular”, afirmou.
“A vacina inativada não consegue provocar uma resposta tão completa. É esperado que ela tenha uma eficácia menor. A eficácia de 78% da CoronaVac, ao que tudo indica, é uma eficácia excelente e compatível com uma vacina de vírus inativado. Com uma boa campanha, vai ser uma ótima vacina para o Brasil.”
O virologista Eduardo Flores, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, disse: “Se essa vacina da CoronaVac conseguiu 78% de eficácia, é muito bom. Muito bom mesmo. É uma vacina cuja tecnologia é muito antiga, se conhece bem os efeitos colaterais, que são muito poucos. Eu acredito que essa é uma vacina que é uma importante ferramenta nessa luta contra o coronavírus”.
com informações de A Cidade Online/Campinas