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Por: Glauber Eduardo de Oliveira Santos
O Brasil ocupa a última posição no ranking mundial de aproveitamento turístico do potencial natural e cultural dos países. De acordo com o Índice de Competitividade das Viagens e Turismo (TTCI) do Fórum Econômico Mundial, o país é o 6º no ranking de recursos naturais e culturais. Por outro lado, o Brasil ocupa apenas a 46ª posição no ranking de maiores receitas turísticas internacionais. O resultado é um gap de US$ 49 bilhões em receita turística internacional em relação ao que seria esperado dado o potencial do país. Tomando em consideração apenas sua condição em termos de recursos naturais e culturais, o Brasil deveria ter uma receita turística anual de US$ 55 bilhões, mas na realidade esse número não chega a US$ 6 bi. A diferença entre o valor esperado e o real é a maior entre todos os países.
O TTCI é composto por quatro sub-índices, incluindo o macroambiente, o ambiente político e de negócios específico do turismo, a infraestrutura e os recursos naturais e culturais. Enquanto os três primeiros podem e devem claramente ser moldados pelas políticas públicas, os recursos naturais e culturais são bem menos sujeitos ao incentivo e aos estímulos positivos. O Estado e a sociedade têm obrigação de proteger e valorizar esses recursos, mas eles raramente podem ser criados a partir do nada como resultado de ações estratégicas. Cada país pode ou não ter tido a sorte de ser dotado com esses recursos tão valiosos para o turismo. Os afortunados podem explorá-los para fins turísticos e atrair os segmentos mais relevantes, como sol e praia, ecoturismo e turismo cultural. Já os países que não chegaram aos dias atuais com recursos naturais e culturais significativos, pouco podem fazer para ter sucesso na competição global por turistas.
O Brasil é um dos sortudos. O país tem o segundo melhor conjunto de recursos naturais segundo o TTCI, ficando atrás apenas do México. No quesito cultural, o Brasil ocupa a 9ª posição em um ranking mundial liderado por países como China, França, Espanha e Itália. No entanto, mesmo tendo uma posição de destaque nos dois pilares do sub-índice de recursos turísticos, o Brasil apresenta um desempenho bastante modesto na atração de turistas internacionais. A inabilidade do país em aproveitar seu potencial se deve majoritariamente a seu baixo desempenho nos outros quesitos da competitividade turística. O Brasil está na 89ª posição no ranking de macroambiente, na 102ª em ambiente político e de negócios para o turismo e na 67ª em infraestrutura.
É importante ressaltar que essa é uma análise simplificada da questão. A atividade turística é extremamente complexa e a dotação inicial de recursos naturais e culturais não é a única condição original que está pouco sujeita ao estímulo criador do Estado e da sociedade em geral. A distância do país em relação aos principais mercados consumidores é um exemplo óbvio de outro elemento que poderia ser considerado. De qualquer forma, a comparação dos recursos naturais e culturais com o desempenho dos países no turismo é reveladora e coloca o Brasil em uma situação difícil de se explicar sem duras críticas à gestão do turismo no país.
Fonte: Ciência e Turismo
