Baixada Santista Em Busca da Baixada Perdida

USP mapeia 36 sítios arqueológicos indígenas na Baixada Santista; veja mapa

Mapa interativo é o primeiro panorama abrangente sobre a arqueologia de povos indígenas no Estado de São Paulo.

A Baixada Santista, no litoral de São Paulo, conta com pelo menos 36 sítios arqueológicos indígenas. Os pontos foram mapeados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que criaram, por meio de um mapa interativo, o primeiro panorama abrangente sobre a arqueologia de povos indígenas em todo o território estadual.

Alimentado por um banco de dados criado por pesquisadores do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente (Levoc) do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), o mapa reúne em um só espaço dados sobre os vestígios de materiais associados aos povos indígenas que ocuparam o território paulista.

Na Baixada Santista, a maior parte dos sítios mapeados fica entre Santos (10), Cubatão (10) e Guarujá (6). Todos eles são de material 5sambaqui (formação principalmente de conchas). Na sequência, aparece Itanhaém com cinco sítios arqueológicos, sendo que um deles se diferencia por ter vestígios de material tupi-guarani.

Já em Peruíbe, todos os sítios arqueológicos (3) são de material da cultura tupi-guarani, bem como o único de Praia Grande. Em Bertioga, o único sítio arqueológico mapeado corresponde aos vestígios de material sambaqui.

Sítios arqueológicos indígenas do Estado de São Paulo foram mapeados por pesquisadores da USP. — Foto: Arthur Miyazaki

São Vicente e Mongaguá ainda não tiveram sítios arqueológicos registrados no mapa interativo. Isso não significa que as cidades não tenham, mas que possíveis sítios não estão no banco de dados, pois ele ainda pode e deve ser atualizado.

“O banco de dados foi um esforço de no mínimo cinco anos. E ele vai continuar sendo abastecido”, explicou historiadora e doutora em arqueologia que é uma das autoras do mapa, Letícia Correa, em entrevista ao g1.

De acordo com os pesquisadores do Levoc, ainda não há evidência de outro tipo de ocupação (exceto sambaqui e tupi-guarani) na Baixada Santista, pois no período anterior ao colonial, a área deveria ser de influência apenas dessa população.

MAPA – Lançado em maio deste ano, o mapa conta com mais de 2 mil sítios arqueológicos indígenas no território paulista e é alimentado pelo banco de dados composto por teses de doutorado, artigos e informações de publicações e sites.

Sítios arqueológicos do Estado de São Paulo estão em mapa interativo da USP. — Foto: Astolfo Araujo

O mapa é muito importante porque ele dá uma primeira ideia de dispersão desses sítios arqueológicos no Estado. A gente tem esses dados em planilhas, em divulgações de artigos, revistas, etc., mas a gente nunca tinha visto eles dispostos de modo espacial. Isso pode começar a nos dar outra perspectiva de temas para serem pesquisados, áreas que ainda precisam ser investigadas”, explicou Letícia Correa.

Os pesquisadores estão à disposição para oferecer e receber mais informações sobre os sítios. No entanto, a localização exata deles não é divulgada, pois os locais não devem ser explorados. “Os sítios arqueológicos não são lugares turísticos, não é permitida visitação. Só pode entrar com autorização”, enfatizou a historiadora.

A ferramenta foi resultado de um projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além de Letícia, são autores do mapa os pesquisadores Astolofo Gomes de Mello Araujo, Glauco Perez, Renan Pezzi, Arthur Miyazaki e Marcelo Zuffo.

Por g1 Santos.

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