Por Cidinha Santos.
Mulheres representando diversos coletivos feministas protocolizaram nota de repúdio no CREMESP hoje. Em seguida foi realizada manifestação em frente ao prédio que sedia a entidade em Santos com o objetivo de denunciar o agressor para que as mulheres se encorajem, denunciem e saibam que não estão sozinhas.
A palavra da mulher tem força, denuncie!
É tempo de enfrentar o silenciamento!
Violência Sexual: essa dor é de todas nós!
Leia a seguir a carta aberta endereçada ao CRM.
AO
PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA (CRM)
SÃO PAULO
NOTA DE REPÚDIO
Como representantes dos Movimentos de Mulheres Trabalhadoras da Baixada Santista repudiamos a forma como se deu o desfecho do caso de violência sexual contra mulheres dentro do consultório médico do cardiologista Walter Nei Nascimento em Santos durante a consulta. Ainda que tenha ocorrido a condenação, não aceitamos a atenuação da sentença, visto que, mais uma vez, a mulher é colocada em um lugar de silenciamento e subserviência.
Questionamos e exigimos urgentemente esclarecimentos do Conselho Regional de Medicina e do Conselho Federal de Medicina que justifiquem a permanência do registro ativo do médico condenado no caso divulgado recentemente e que continua aparecendo novas vítimas, devendo inclusive publicizar o resultado da sindicância administrativa que deveria ter sido instaurada para fins de apuração da conduta ético-disciplinar, com flagrante infração ao código de ética médica, não se admitindo que continue o agressor a clinicar.
A sentença, proferida pela juíza Elizabeth Lopes de Freitas da 4ª Vara Criminal de Santos, apresenta que em 2017 o referido médico MOLESTOU uma de suas pacientes, com 19 anos na época e deficiente auditiva, e constrangeu outra mulher com o intuito de obter vantagens e favores de cunho sexuais com ela.
A injustiça, a violência, o desrespeito vivido por nós, mulheres, todos os dias, são o reflexo de um sistema que protege, ampara e estimula a conservação do patriarcado, criando um senso de injustiça que nos desestimula a denunciar devido à tamanha possibilidade de o crime sair impune e ainda recaindo sobre a vítima, a culpa e julgamento.
Nós sabemos também que a maioria das mulheres não tem acesso a saúde básica e que se soma às demais violências que sofremos.
Nós nos solidarizamos com as vítimas e ressaltamos nossa preocupação com o andamento do caso, sobretudo pelo fato de haver, na relação médico-paciente, uma intensa relação de poder e de opressão quando a paciente é uma mulher.
Essa dor é de todas nós! Sentimos juntas e, por isso, lutamos juntas! Para nós, são práticas dessa natureza que coloca diariamente nossas vidas em risco enquanto os verdadeiros criminosos seguem adiante com suas vidas como se nada tivesse acontecido. Pelo impedimento de agressores permanecerem clinicando, levantamos mais uma vez a nossa voz!
Assinam:
Ciranda Materna
Círculo de Estudos Feministas de Cubatão
Coletivo de Mulheres da SEMUPT-Santos
Coletivo de Mulheres do PSOL BS
Coletivo de Mulheres PT São Vicente
Coletivo Esquerda Feminista de Praia Grande
Coletivo Feminista Classista Maria Vai com as Outras
Coletivo Feminista Interseccional Decolonialidade Mulheres em Pauta
Coletivo Mulheres Negras no Front
Coletivo Mulheres Negras no Front
Coletivo Mulheres PT da Macro BS
Coletivo Popular de Mulheres Trabalhadoras Zuleika Alambert
Coletivo Porto Negro Baixada Santista
Coletivo Santos Progressista
Fórum da Cidadania de Santos
Frente Pela Legalização do Aborto Baixada Santista
Mandato Débora Camilo PSOL
Observatório, CHEGA!
União da Juventude Comunista
Santos, 13 de agosto de 2021.