Desde o final do ano passado que moradores da ocupação Vila Progresso, em Santos, buscam uma solução para o comunicado de despejo que receberam, primeiro realizado verbalmente pela Polícia Militar junto com a Guarda Civil Municipal, e agora, em abril, oficialmente da Justiça. Desde então têm procurado dialogar com esferas do poder público para encontrar uma solução justa.
Foto: Ailton Martins |
Na ocupação residem, hoje, em torno de oitenta famílias, num total de mais ou menos duzentas e cinquenta pessoas, entre crianças, adolescentes, idosos, pessoas com dificuldades de locomoção e de saúde. A maioria, está no trabalho informal, desempregada ou no subemprego, e segundo elas, decidiram residir na área devido as condições econômicas, tendo em vista os altos preços dos aluguéis na cidade, totalmente incompatível com a realidade financeira das pessoas da ocupação.
Foto concedida pelos moradores, ação realizada no final de 2017 |
No momento, a única esperança das famílias, além do recurso jurídico, é a resistência e a solidariedade de pessoas e de movimentos sociais que possam auxiliar e juntar-se a essa luta, minimamente denunciando a forma absurda que a prefeitura está tratando a comunidade, ignorando direitos essenciais, e tratando um caso social, como caso de polícia, pois até o momento a única forma que a prefeitura se fez presente na comunidade foi por meio da Guarda Civil Municipal, destruindo e queimando casas e materiais de construção.
“Até agora não temos nenhuma resposta, o que eu quero falar, o que eu sempre falei, a gente está brigando pela moradia, não é pelo espaço ou pelo terreno, a gente estamos lutando pela moradia, e a gente tá morando aqui, porque viu o espaço, e precisa morar, você pode ver cada pessoa aqui, todas precisam, não tem ninguém querendo nada de ninguém, ou que não precisa” Fábio Júnior, morador.
Na ocupação existem várias outras denúncias de negligência da prefeitura, por exemplo, a recusa de atendimento na Policlínica e o silenciamento de uma moradora no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que num dos trabalhos em grupo promovido pelo equipamento não foi permitida de falar sobre a situação de vulnerabilidade social que encontra-se. (saiba mais aqui)
“Antes das reuniões em grupo tem uma triagem, conversam com a gente sobre o que a gente que falar, e eu queria falar sobre a minha situação aqui, eu estou desempregada, tenho filho pequeno e se eu for despejada não tenho pra onde ir, aí, eles disseram que era melhor eu não falar isso, porque ninguém queria saber da minha vida […] eu sou muito tímida, e aí, me senti constrangida e não falei nada” Moradora.