Ontem, um garoto me perguntou: “Quem é Caetano Veloso”. Hoje, num comentário, uma amiga citou o sobrinho de uma amiga que perguntou: “Quem é esse DJ AVAN”?
Sinais claros de que precisamos mudar o disco, né? Aliás, a galerinha mal sabe o que é “disco”.
Legal nossa galera querer envelhecer bem. E acho que é um sinal de saúde psíquica entender que a fila andou, que nossos heróis morreram de overdose, faz tempo. E os que não morreram não têm essa bossa toda. Aliás, “bossa” é uma palavra fadada ao desuso. “Fadada” também. Aliás, overdose é o quê? Um tipo de pt?
Conviver com a juventude pode trazer boas e más surpresas. Mas é necessário para entendermos o mundo pelos olhos deles, se queremos continuar atuando por quaisquer transformações – para as próximas gerações, – que são eles e estão recebendo um mundinho de merda.
Esse garoto aí, que perguntou quem é Caetano, viu um trecho do vídeo do aeroprotesto em BSB, em que o grande ídalo de nossas gerações cantava “Terra”, levando os presentes às lágrimas. E eu também fui, porque faz todo sentido pra mim…
Mas o garoto foi incisivo: “Parece música de igreja”.
Entende?
Um garoto de quinze anos. O futuro. O jovem. Preto. Periférico. Antenadíssimo, sim, no que acontece lá no térreo da realidade, beeeeem longe de nossa bolha, longe demais de nossa esquerda de direita, dos confortáveis que não pisam na quebrada há, sei lá quantas décadas…
O carinha, nascido em 2007, desconhece os quase deuses de nossas gerações. Pra ele, essa groselha toda que nossa galera trata como supra cultura perpétua, arrebatamento nacional, congelamento do tempo, monumento a isto e aquilo – não significa coisa alguma.
Ah, sim. É complexo. Mas…Reflita.
“Quem é Caetano Veloso”? “Quem é esse DJ AVAN”? Que genialidades são essas – de nossa MPB, de grande parte de nossa intelectualidade, da academia, da classe política, desse Brasil metido a civilizado, desses valores tão encapsulados numa bolha – que não chegam a um garoto de quinze anos, que representa, sim, a imensa maioria dos jovens brasileiros?
