Colunistas Flavio Viegas Amoreira

As revoluções somos nós

Por Flavio Viegas Amoreira.

 


Novembro de 1917: da Rússia o mundo foi abalado em seus alicerces de conformismo com a ordem burguesa.
A Revolução de Lênin e Trotsky foi segundo grande questionamento de privilégios e da opressão de classes: anunciava-se o sonho socialista real com a supressão da monarquia, do feudalismo tardio, do capitalismo incipiente e a saída de Russia da I Guerra Mundial.
Seria a concretização da utopia igualitária e a redenção do proletariado em nome da justiça social e da liberdade radicalizadas.
Cem anos depois refletimos que o sonho impulsionou reformas em todo planeta: as democracias liberais perceberam que se não mudassem o efeito Moscou seria repetido planetariamente e o bolchevismos seria implementado globalmente por efeito dominó revolucionário.
Mudança não seria mais considerada subversão: no Brasil mesmo os reflexos foram sentidos com a Revolução de 30 e as reformas sociais de Vargas.
Nossa cidade foi das mais influenciadas pela esperança comunista sendo chamada mesmo ´´Moscouzinho´´ ou Barcelona Brasileira.
Sem ortodoxia e paixões precisamos reconhecer valor desse sonho tornado pesadelo: a Rússia teve um avanço estratosférico como nação e economia.
De reino atrasado incluiu milhões de camponeses e operários a modernidade , venceu o nazismo, implementou um projeto educacional , cultural e científico inigualáveis chegando ao apogeu nas artes, esportes e até conquista do espaço!
Quase tudo ruiu em nome do centralismo autoritário, a opressão assassina de Stalin e a ineficiência do Estado em não suprir desejos da sociedade e a autonomia dos indivíduos.
O capitalismo ocidental soube regenerar –se com a social-democracia , as conquistas trabalhistas e as ilusões de consumo.
Não esqueçamos que a China ainda é nominalmente comunista, fruto direto do experimento soviético: capitalismo de Estado que vem dominando nosso século pelas bordas do Oriente. Se a aurora comunista desfez-se em pesadelo totalitária a vontade visceral por mais igualdade não adormece: ainda convivemos com bilhões de esfaimados e analfabetos na era digital.
Sem sectarismo ideológico é preciso ter perspectiva histórica para reconhecer quanto a Rússia deve ao novembro de 1917 pesando o preço pago para alcançar.
O que aprendemos basicamente foi que as revoluções surgem para mudar o mundo , zerar as diferenças e instaurar a utopia não levando em conta que quem as faz são os homens com suas mazelas e imperfeições.
A grande revolução deve partir do ser em sua essência e prática cotidiana: sem mudar a vida não mudamos o mundo.

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