Cidade São Vicente

PSOL de SV repudia título de cidadão vicentino a Bolsonaro

REPUDIAMOS A CONCESSÃO DE TÍTULO DE CIDADÃO VICENTINO A JAIR BOLSONARO

 

São Vicente é uma cidade pobre, com mais de oitenta mil pessoas morando em favelas de acordo com o último censo do IBGE. Sua população é composta em sua maioria por cristãos neopentecostais. É uma cidade, portanto, conservadora, tendo sido vítima da onda de fascistização que se espalhou no país nos últimos anos. Cerca de 66,5% dos eleitores vicentinos votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, o candidato da extrema direita, da barbárie, da perda de direitos, da exaltação a torturadores e do genocídio que até aqui já matou mais de sessenta mil brasileiros.

Há um tempo, uma vasta lista de pré-candidatos, de vereadores e outros políticos da região, incluindo o próprio prefeito, tentam se beneficiar dessa onda obscura que contaminou a política brasileira, mesclando anticomunismo, terraplanismo, falso cristianismo e muita estupidez. A receita já deu certo em 2018 para os parlamentares Junior Bozzella e Tenente Coimbra, ambos do PSL, ambos filhos de ex-vereadores e oligarcas da política, mas que se beneficiaram seguindo a cartilha fascista. Não faltarão nesse ano candidatos competindo para definir o mais boçal, o mais xenófobo, o mais anti-ciência. A crise da Ponte dos Barreiros e o desespero de Pedro Gouvêa com a sua queda de popularidade fizeram o prefeito se agarrar ainda mais ao bolsonarismo, chegando a se humilhar publicamente e a chamar o neofascista de “grande estadista”.

Há poucas semanas, foi aprovado em sessão extraordinária na Câmara de São Vicente a concessão de título de Cidadão Vicentino ao presidente Jair Bolsonaro, em razão do repasse de R$ 58 milhões para obras emergenciais na Ponte dos Barreiros. O vereador vicentino autor da proposta foi o Pedro Zebrão, que assim justificou durante a sessão: “Esse título ao Jair também é pelo amor à Deus, pela pátria, pela família e, hoje, por São Vicente”.

É de se espantar tamanha bajulação, ainda mais em período de pandemia, onde o que não faltam são pautas urgentes. Prefeitos e vereadores tentam há um certo tempo pintar a incompetência na gestão da crise da ponte como eficiência administrativa. Pedro Gouvêa e os vereadores sabiam em 01 de janeiro de 2017 que a Ponte dos Barreiros precisava de reformas, mas só agiram após pressão popular e mediante intervenção do Ministério Público. O prefeito pouco fez, a câmara muito pouco fiscalizou e a população vive ainda hoje um drama, seja pelos mais de 200 dias de ponte fechada, seja pelos sucessivos erros de planejamento, seja pela abertura parcial, comemorada com fogos de artifício pela administração municipal. Para salvar sua imagem, prefeito e vereadores passaram a se escorar na bem assessorada deputada Rosana Valle (PSB) – que pertence ao mesmo grupo político que o prefeito -, parlamentar que articulou a destinação da verba junto ao governo federal, e no presidente da República, supostos “heróis” da reforma da ponte. Conforme levantamento da Folha de São Paulo, a verba destinada a Ponte dos Barreiros só foi possível por meio da inescrupulosa atuação do irmão do presidente, Renato Bolsonaro, que apesar de simples comerciante, desempenhou papel de lobista, distribuindo cerca de R$ 110 milhões em verbas para prefeituras do Estado de São Paulo. A verba só foi enviada a São Vicente aliás devido a rivalidade política em comum que Pedro e Jair possuem com o governador do Estado.

Essa exaltação aos representantes do poder público nos fez lembrar o trecho de uma carta de Graciliano Ramos, então prefeito de Palmeira dos Índios (AL), ao governador do Estado, referindo-se a uma estrada e outras obras públicas realizadas na sua gestão: “Não fui eu, primeiramente porque o dinheiro despendido era do povo, em segundo lugar porque tornaram fácil a minha tarefa uns pobres homens que se esfalfam para não perder salários miseráveis. Quase tudo foi feito por eles. Eu apenas teria tido o mérito de escolhe-los e vigia-los, se nisto houvesse mérito”.

Há muito tempo políticos e outras figuras públicas passaram a desmobilizar as pessoas, com o discurso de que só através deles e de suas benevolências é que as conquistas eram alcançadas. A partir de então a política, culturalmente falando, passou a ser um antro de bajulação. Em cidades como São Vicente, até um simples calçamento, um desentupimento de esgoto ou um ônibus para uma companhia de dança que vai competir em outra cidade só são ofertados desde que se tire uma “selfie” com o vereador ou desde que seja pintada uma faixa em agradecimento. Repudiamos esse tipo de política e repudiamos os porcos que reproduzem esse tipo de política – e são muitos na cidade. Portanto, para que um título ao presidente da república ou para que tantos louros a deputada Rosana Valle, sendo que estes só fizeram aquilo que lhes cabe após meses de pressão popular e após uma bem-vinda intervenção do ministério público?

Por tudo o que foi citado, o PSOL – São Vicente repudia fortemente essa vexatória e escandalosa concessão de título. Somos contra essa cultura política que terceiriza a cidadania das pessoas e despolitiza a comunidade. Somos contra a cultura de glorificação dos representantes do poder público, quando esses só cumprem aquilo que na verdade já é sua atribuição. E acima de tudo, somos contra este governo fascista, genocida e inimigo do povo, apoiado por milicianos, por uma elite econômica sádica e por usurpadores da fé. Temos a convicção de que o presidente e seus apoiadores estarão, mais cedo ou mais tarde, no lixo da história.

 

Fonte: facebock

 

📌 Referências:

https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/06/22/camara-aprova-concessao-de-honra-a-jair-bolsonaro-por-liberacao-de-verba-para-reforma-da-ponte-dos-barreiros-em-sao-vicente.ghtml

https://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/300-mil-moram-em-favelas-na-baixada-santista/60981/

https://www.atribuna.com.br/cidades/saovicente/governo-federal-destinar%C3%A1-r-58-milh%C3%B5es-para-reforma-da-ponte-dos-barreiros-em-s%C3%A3o-vicente-1.80685

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